Coimbra  18 de Abril de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

Hernâni Caniço

Coimbra, factos e ilusões

14 de Março 2025

A campanha eleitoral autárquica está em curso há 4 anos, sem promessas cumpridas, dedicando-se o executivo de direita a fazer inaugurações do que outros projectaram, a anúncios megalómanos de Plano Marshall, Centro de Arte Contemporânea e Centro Transdisciplinar de Apoio à Criação Artística (e falavam da ambição de um aeroporto como se fosse o pecado original), a governar através das redes sociais com escárnio e maldizer, a esquecer que as árvores têm um ciclo de vida, que as ervas crescem, que a abolição do glifosato também não foi cumprida, etc.

Há muitos outros problemas dos cidadãos, embora decerto uma comitiva do executivo autárquico e seus apêndices se empenhem, pelo menos colocando os seus nomes nas placas de inauguração. Assim aconteceu no Póo de Saúde de Taveiro, com 5 nomes, agora no Parque Infantil e de Lazer da Mainça, com 3 nomes. Na comunicação social, as fotos dos autarcas estrelas de cinema sem Óscares têm figuras e figurões, centradas no líder espiritual.

Já sabemos, nas suas palavras, que “o PS não fez nada durante 8 anos”. Pelo menos, projectou o que andam a inaugurar (como a Via Central, cuja obra teve início em 16.08.17).

Finalmente, na Rua do Padrão, vai haver estruturas para quem espera transporte público ao sol, à chuva e ao vento, nomeadamente da empresa Flixbus, sem qualquer protecção perante o clima, a poluição automóvel e as intempéries, nem instalações de apoio fisiológico.

Quando levantámos o problema em sessão de Câmara, porque não estava cumprida a legislação relativa às paragens de autocarros nem havia resposta aos operadores, a resposta em sessão foi, como é habitual, ataques ao PS. Afinal, verifica-se agora, o problema existia (com gestão da direita) e foi reconhecido (tardiamente, bastava dar razão a quem a tem, e não ser petulante); veremos quantos nomes constam da inauguração.

Volta a chuva, felizmente sem cheias, mesmo sem Girabolhos. Recordo João Pardal que, além de Girabolhos, elenca um conjunto de medidas que podem mitigar os efeitos destrutivos das cheias do Mondego como a gestão adaptativa do sistema Aguieira-Raiva-Fronhas, a melhoria do escoamento da rede hidrográfica secundária e aplicação de técnicas de naturalização, a recuperação do coberto vegetal das cabeceiras e melhoria do sistema de monitorização da bacia hidrográfica, o reforço dos diques no leito central, a articulação dos Instrumentos de Gestão de Território com o Plano de Gestão dos Riscos de Inundações, a revisão dos Planos Municipais de Riscos de Cheias, a elaboração de Plano de Desassoreamento da Albufeira do Açude Ponte de Coimbra até à ponte da Portela. O executivo nada diz…

Em tempo, a Assembleia da República apresentou voto de pesar pela morte do futebolista Manuel Fernandes e do artista plástico Cargaleiro, o que foi justo e merecido. Mas na mesma data, faleceram dois militares de Abril, o coronel Rui Guimarães (membro do MFA) e o general Franco Charais (que comandou a Região Militar do Centro) que tiveram participação importante no 25 de Abril, e que foram esquecidos.

Porque em Coimbra, também houve 25 de Abril, propus, em tempo, um voto de pesar em memória do coronel Rui Guimarães e do general Franco Charais. E porque as vidas não se devem desperdiçar, propus ainda um voto de repúdio pelo criminoso ataque da Rússia ao Hospital Pediátrico, em Kiev (na Ucrânia), onde matou indiscriminadamente crianças doentes, familiares e técnicos de saúde.

Tais propostas foram ignoradas pelo executivo autárquico. Assim vai Coimbra… Até quando?

(*) Médico e vereador do PS na Câmara de Coimbra