O porta-voz de um movimento criado para contestar empresa intermunicipal de água e saneamento, Jorge Neves, vai ser o candidato do Chega à Câmara de Penacova, nas eleições autárquicas deste ano.
Jorge Neves, de 54 anos, foi fundador e porta-voz do Movimento Espontâneo de Cidadãos (MEC) de Penacova, criado para contestar o aumento dos tarifários de água e saneamento pela Empresa Intermunicipal de Ambiente do Pinhal Interior (APIN), constituída em 2018.
Funcionário do Ministério da Justiça, Jorge Neves mora na freguesia do Lorvão, no concelho de Penacova, e é natural de Coimbra, encabeçando a lista do Chega como independente.
No passado, foi eleito para a Assembleia de Freguesia de São Bartolomeu, em Coimbra, pelo Bloco de Esquerda, e foi militante do PS, tendo integrado a lista dos socialistas à Assembleia Municipal de Penacova nas autárquicas de 2017. “Saí do PS em 2020, quando fundei o movimento cívico. Não fazia sentido jogar nos dois campos”, disse à agência Lusa o candidato.
Jorge Neves afirmou que aceitou o convite do Chega para encabeçar a candidatura por lhe ter sido dada “carta branca para fazer o programa eleitoral” e para a composição das listas.
De acordo com o candidato, a grande maioria das listas será composta por independentes com simpatias partidárias diversas, além de “três ou quatro militantes do Chega”.
O objectivo para as autárquicas deste ano passa por conseguir eleger um vereador, um deputado municipal e deputados em assembleias de freguesia, referiu.
Entre as prioridades, Jorge Neves defendeu a transmissão das reuniões dos órgãos locais, a criação de um plano de incentivos para atrair e fixar médicos no concelho, um gabinete de apoio ao cidadão aberto fora do horário laboral e a construção de um crematório e cemitério para animais de companhia.
Sobre a avaliação que faz do actual executivo, liderado por Álvaro Coimbra (PSD), o candidato do Chega considerou que está “a fazer um bom trabalho”, esperando dar continuidade a esse trabalho, mas também “recuperar o que de bom o executivo do PS antes fazia”. “Esta não é uma candidatura de rutura”, vincou.
Questionado sobre se se arrepende de criar um movimento contra a APIN já que a saída da autarquia concretizada em 2024 poderá custar uma indemnização pesada ao Município, Jorge Neves recusou essa ideia, afirmando que hoje sabe que o valor que paga pela água “fica em Penacova e não vai para outros municípios ou para pagar dívidas” da empresa intermunicipal.
Em 2021, o PSD conquistou a Câmara de Penacova ao PS, com 46,39% dos votos (quatro mandatos), contra 43% dos socialistas (três mandatos). O Chega, que só concorreu à Câmara Municipal, teve 1,06% dos votos, menos que os votos em branco ou nulos.