Em 2024, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) acompanhou um total de 16.630 vítimas de crime e violência, realizando uma média diária de 45 atendimentos. A violência doméstica manteve-se como o principal motivo das solicitações de ajuda, representando a grande maioria dos casos registados.
Os números foram divulgados esta sexta-feira, na véspera do Dia Europeu de Apoio à Vítima, que se assinala a 22 de Fevereiro. Segundo a APAV, os seus serviços de apoio contabilizaram 105.747 atendimentos ao longo do ano, um crescimento de quase 60% face a 2020. No total, foram registados 31.242 crimes, um aumento de 6% em comparação com 2023.
A violência doméstica destacou-se entre os crimes mais reportados, representando 76% do total (23.742 ocorrências). Seguiram-se os crimes sexuais contra crianças e jovens (1.990 casos, equivalentes a 6,4%) e as ofensas à integridade física (836 casos, 2,7%). Entre outros crimes registados pela APAV estiveram ameaças e coacção (751), difamação e injúria (634), crimes sexuais contra adultos (534), burla (364), incitamento ao ódio e à violência (307) e perseguição (191).
A organização revelou também dados sobre o perfil das vítimas. A maioria eram mulheres (76,3%), com uma média de idade de 37 anos. Entre os agressores, destacam-se os cônjuges (14,6%), seguidos dos pais (12,4%) e dos companheiros/as (9,5%). As crianças e jovens representaram 3.434 dos casos acompanhados, sendo que 58,9% eram raparigas. Em 42,3% das situações, os agressores foram os próprios pais.
Entre as 1.730 vítimas idosas apoiadas pela APAV, 76,2% eram mulheres, com uma média etária de 76 anos. Em mais de um terço dos casos (34,5%), os agressores foram os filhos e, em 21,2%, os cônjuges. Já entre os 1.888 homens vítimas de crime, a média etária foi de 47 anos, sendo os principais agressores os cônjuges (12,3%), os filhos (9,2%) e os ex-companheiros/as (8,7%).
Os contactos com a APAV foram maioritariamente realizados por telefone (51,5%), seguindo-se o e-mail (22,4%) e o atendimento presencial (17,7%). Em quase metade dos casos, os crimes ocorreram na residência comum (49,4%), enquanto 14,4% aconteceram na casa da vítima e 9,7% em espaços públicos.
A referenciação para a APAV ocorreu, em grande parte, por iniciativa das próprias vítimas (49,4%). As forças de segurança encaminharam 12,6% dos casos, tal como o Ministério Público e os tribunais.
A APAV conta actualmente com 24 gabinetes de apoio, cinco equipas móveis e 35 pólos de atendimento, além das linhas de apoio especializadas, como a Linha de Apoio à Vítima (116 006) e a Linha Internet Segura (800 21 90 90).