A construção do enorme bairro social segregado da Quinta das Bicas, em Taveiro, um dos maiores erros do actual executivo camarário, foi decidida há cerca de dois anos. A vereadora Ana Vaz concentra nas suas mãos os pelouros da habitação, da educação e da acção social.
Em Outubro último, quando o CpC foi convidado à habitual formalidade das consultas sobre as opções do Plano, desta vez para 2025, tive a oportunidade de entregar ao Sr. Presidente da Câmara um documento cuja primeira proposta era (transcrevo):
Devem ser iniciadas, com a maior urgência, as medidas de preparação (adaptação, ampliação, projeto e construção) dos equipamentos escolares, sociais, culturais e desportivos para dar resposta à população que irá ser acrescentada à zona de Taveiro com o empreendimento de habitação social da Quinta das Bicas.
A reacção de José Manuel Silva foi preocupante de surpreendida. Explico: olhou para mim e para João Malva, que me acompanhava, como se eu tivesse dito uma coisa estranhíssima, depois escreveu qualquer coisa num papel e declarou, em voz baixa: “tomei nota disso, para ver com a Senhora Vereadora”.
Na passada quarta-feira 29, numa notícia da Lusa, a senhora vereadora Ana Vaz afirma: “A partir de Janeiro de 2026, iremos perceber em grande parte (?) as famílias que vão para a Quinta das Bicas e quais as suas necessidades. Neste momento, ainda não conseguimos fazer essa previsão”. Para, na mesma notícia, informar que a carta educativa foi alterada e que a Escola EB 2,3 de Taveiro será objecto de “adaptação” para “passar a ter as valências de pre-escolar e 1.º ciclo”. Acrescenta ainda, para nossa tranquilidade, (ou talvez não) que “essa adaptação implica apenas investimentos pontuais e será feita mediante as necessidades que se identifiquem”.
Tudo indica que as perto de cem (100) crianças do novo bairro segregado irão entrar nas novas casas em pleno ano lectivo 2026-2027. Na melhor das hipóteses, no fim do primeiro período. Lembremo-nos que as chaves das casas têm que (PRR oblige) ser entregues até ao final de 2026.
Mais vale que a senhora vereadora tenha acordado e a carta educativa veja, finalmente, a luz da discussão e votação nos órgãos democraticamente eleitos. Mas, falta aqui qualquer coisa: que pensa a escola? Quais as alterações que podem ser feitas entre Janeiro e final de 2026 para ter sanitários e mobiliário para crianças de 3 a 10 anos? Espaços de recreio?
E uma outra questão: equipamento cultural no novo bairro?, e desportivo? e social/associativo? Tantas perguntas. Tantos silêncios.
(*) Coordenador do Movimento Cidadãos por Coimbra