Há um filiado do PS que, filosofando, se tem dedicado a denegrir os vereadores do PS na Câmara de Coimbra. Numa semana, elogia um(a) vereador(a), ignorando o trabalho dos outros que se dedicam a fazer intervenções sobre o desgoverno do executivo de direita, a estudar as dezenas de assuntos da agenda e a produzir dezenas de intervenções de conhecimento e análise e a refrescar a memória quanto aos méritos dos socialistas que projetaram obras para a direita inaugurar.
Na outra semana, o filiado, qual polícia de costumes, talvez perturbado pelo estudo das perturbações, acusa os seus camaradas (todos os vereadores PS) de não defender Ana Abrunhosa (que o próprio atacou publicamente).
Qual ideólogo em estratégia, alivia o temor do executivo conservador, que está “nervoso”, perante a qualidade da candidatura que é a alternativa à direita, e que poderá ser personificada pela liderança de Ana Abrunhosa (aliás, fui o primeiro a sugeri-la, em reunião geral de militantes PS, em Coimbra, há 1 ano).
O PS está agitado, com outsiders a expressar estados de alma como se fossem verdades absolutas, a correr atrás de lugares com proventos (sem prejuízo do adquirido), ou a mostrar que continuam vivos politicamente sem reviver o ideário que traz desenvolvimento sustentável, saúde e ambiente, educação e mundo digital, demografia e igualdade de oportunidades.
Para alguns, tudo serve para deslustrar um partido do qual são membros, ocasionalmente dirigentes. Alguma comunicação social, com ideólogos da direita mais conservadora, dá guarida a tudo o que seja crítica acrítica, estimula o protagonismo de quem não se expressa internamente (porque será?), e retira dividendos da publicidade pouco encapotada e sabe-se lá que mais.
O PS não é um partido para exercer o poder pelo poder para satisfazer clientelas, é um partido que desenvolve uma política comunitária, que interessa aos cidadãos e, porque não, una os democratas, progressistas, socialistas, verdadeiros social-democratas, defensores da liberdade, protetores dos direitos humanos e dos animais, agentes de causas humanitárias e cidadãos organizados em movimentos sociais.
Não é dono da “verdade” (como a esquerda caviar ou os dinossauros pré-históricos se apresentam), mas pode agregar cidadãos e movimentos de opinião e causas que não se revêm no oportunismo e na chico-espertice dos partidos da situação, cidadãos a quem não interessa o passado de glória e conquistas de falatório que não voltam mais, e não querem vidas tristes sem vida e qualidade de vida.
No PS, como nos outros partidos, há santinhos de pau carunchoso e melros de bico amarelo (por vezes até são decisores), mas a dinâmica solidária criada leva a não descrer na democraticidade, colegialidade e decisão cidadã, em detrimento do centralismo democrático, da autocracia e da fragilidade ideológica emproada em noite da má-língua.
“Eu é que sou o presidente da junta” (sem analogia com as freguesias e seus titulares eméritos), era uma expressão humorística, retratando o poder absoluto, que hoje não tem razão de ser, não é aceite pela comunidade, não capta adesão, votos ou convicção.
Os nossos adversários (a direita conservadora) não são nossos inimigos, embora pareça que, para alguns filiados no PS, o inimigo está dentro do Partido.
Mas o PS (quase todos), são os homens e mulheres, jovens quadros e mais velhos sem idadismo, trabalhadores e empresários empenhados, operários e intelectuais qualificados, que lutam pelos direitos humanos, Estado social e qualidade de vida.
(*) Médico e vereador do PS na Câmara de Coimbra