Coimbra  15 de Março de 2025 | Director: Lino Vinhal

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Câmara recua em plano para retirar carros da Alta de Coimbra após oposição da Universidade

6 de Fevereiro 2025 Jornal Campeão: Câmara recua em plano para retirar carros da Alta de Coimbra após oposição da Universidade

O plano da Câmara Municipal de Coimbra para reduzir a circulação automóvel na Alta foi relegado para segundo plano, após a contestação da Universidade de Coimbra (UC) e de vários especialistas ligados à instituição.
“Dado que as reacções não foram muito favoráveis, este projecto deixou de ser uma prioridade”, explicou a vereadora da Mobilidade, Ana Bastos. No entanto, apesar deste recuo, a autarca assegura que a proposta continua válida e poderá ser ajustada no futuro.
A iniciativa municipal previa uma transformação significativa da mobilidade na Alta, incluindo a redução do estacionamento nos principais espaços públicos, a implementação de um regime de estacionamento pago e a alteração dos acessos. O objectivo era tornar a Calçada Martim de Freitas exclusivamente de sentido descendente, ampliando os passeios e criando uma ciclovia com possível extensão a Celas.
Contudo, a Universidade de Coimbra – que pretende alcançar a neutralidade carbónica até 2030 – manifestou reservas quanto ao projecto, sublinhando a necessidade de respeitar a história e o património da zona. Além disso, arquitectos do Departamento de Arquitectura da UC e a Comissão de Trabalhadores opuseram-se a algumas das propostas, nomeadamente à plantação de árvores, argumentando que tal poderia comprometer a visibilidade dos edifícios construídos durante o Estado Novo.
Durante a discussão pública, foi também defendida a manutenção do plano elaborado pelo arquitecto Gonçalo Byrne há cerca de 20 anos, que previa a construção de um parque de estacionamento subterrâneo sob o Largo D. Dinis.
Face à falta de consenso, o executivo municipal optou por concentrar-se noutras iniciativas que reúnam maior apoio. “Não faz sentido avançarmos com um projecto para o qual o principal beneficiário – a Universidade de Coimbra – não manifesta concordância. Ouvimos as preocupações e vamos procurar uma solução mais consensual”, afirmou Ana Bastos.