A inclusão de Coimbra na lista dos 52 locais a visitar em 2025 pelo New York Times é um feito que merece celebração. Esta distinção, que coloca a cidade ao lado de destinos de renome mundial, não é apenas um reconhecimento do seu valor histórico e cultural, mas também uma oportunidade de ouro para reflectir sobre o futuro do turismo em Portugal.
Coimbra, com a sua icónica Universidade, o charme das suas ruas, o encanto do seu rio e a singularidade do seu Fado, há muito se destaca como um local de referência no panorama do turismo nacional. Este reconhecimento internacional, no entanto, traduz-se numa oportunidade que deve ser encarada também como um desafio.
Portugal atravessa um período de crescimento exponencial no turismo. Esta expansão, apesar de positiva, acarreta riscos, como a sobrecarga de infra-estruturas e a saturação dos destinos mais procurados, como Lisboa, Porto e Algarve. Para evitar repetir os erros de outras grandes cidades europeias, é crucial desenvolver estratégias que descentralizem o fluxo de turistas e promovam novos circuitos e produtos turísticos.
Regiões menos exploradas, como o Centro, o Alentejo e algumas zonas a Norte, possuem um enorme potencial por explorar. Estes territórios oferecem experiências únicas e autênticas, ligadas à cultura local, à gastronomia e à natureza.
Coimbra tem uma posição privilegiada para se afirmar como um elemento central neste movimento. Situada entre o litoral e o interior do Centro de Portugal, a cidade pode servir como um eixo estratégico para a promoção de novos circuitos turísticos que incluam localidades menos conhecidas da região. Estes territórios emergem com projectos de turismo de referência, demonstrando que há espaço para crescer de forma inovadora e sustentável.
É essencial aproveitar este momento de destaque para revitalizar novas zonas da cidade, valorizar o património arquitectónico e investir na criação, digitalização e promoção de produtos turísticos inovadores, alinhados com as tendências globais. O turismo de experiência, que privilegia vivências autênticas e sustentáveis, é uma das maiores demandas globais, e Coimbra e a região Centro têm todos os ingredientes para prosperar neste cenário.
O reconhecimento do New York Times não é apenas motivo de orgulho, mas também uma responsabilidade. Este feito deve ser utilizado como um catalisador para posicionar Coimbra e Portugal como destinos que equilibram tradição e inovação, qualidade e sustentabilidade.
O futuro do turismo passa por iniciativas que respeitem o território, preservem o património e envolvam as comunidades locais. Coimbra, com a sua história, localização e dinamismo, tem todas as condições para se tornar um modelo desta transformação, mantendo-se na vanguarda do turismo nacional e internacional.
Sugestão da semana
Entre 20 de Janeiro e 20 de Fevereiro, no Conimbriga Hotel do Paço, poderá ver gratuitamente a exposição colectiva “International Surrealism Now” apresentando obras de 125 artistas oriundos de 52 países.
(*) Advogado e Gestor