O Portugal dos Pequenitos é um espaço icónico de Coimbra. Pensado por Bissaya Barreto ainda na década de 30 do século passado, o parque-jardim – assim foi idealizado – foi sendo construído em múltiplas fases e constitui agora um encantador repositório miniatural da arquitectura de Portugal e das antigas colónias. Em Bruxelas, há um parque algo similar à espera de crianças e adultos. É a “Mini-Europa”, com um conceito não muito diferente do nosso Portugal dos Pequenitos, mas tendo na base a Europa. O parque, situado bem perto do Atomium, alude a cerca de 80 cidades europeias e reproduz, à escala de 1:25, cerca de 350 edifícios. Além de monumentos, o espaço tem modelos de viaturas, com barquinhos que circulam na água, comboios que deslizam pelos carris, carros que se movem em estradas, mas também moinhos cujas pás giram, não ao sabor do vento ou da água, mas do impulso dado pelos visitantes às manivelas ali dispostas para o efeito.
Nem o Portugal dos Pequenitos nem a Mini-Europa se querem absolutamente cristalizados no tempo. Recentemente, foi notícia a intenção de expandir o Portugal dos Pequenitos, acrescentando-lhe réplicas da Casa da Música, da Casa das Histórias de Paula Rego, do terminal de cruzeiros de Leixões, do Pavilhão de Portugal e ainda do bar À Margem, projectado pelo arquitecto Falcão de Campos. Todos os processos de escolha são difíceis, não pelo que incluem, mas pelo que deixam de fora. Haveria outras obras que justificariam a sua inclusão entre as miniaturas nacionais? Certamente. Pessoalmente, gostaria de ver em miniatura os Passadiços do Paiva (porventura de execução difícil…) ou a Ponte Pedro e Inês. Porém, não deixa de ser preferível apostar na expansão do parque e numa sua actualização (com tudo o que estes exercícios têm de redutor) do que deixá-lo parar no tempo.
Portugal foi, aliás, no que à Mini-Europa diz respeito, pioneiro no que toca ao espírito de actualização do espaço. Na Mini-Europa, podemos encontrar, na zona dedicada a Portugal, o castelo de Guimarães, as falésias do Algarve, a Ribeira do Porto, a Torre de Belém e o Oceanário. O mais curioso é que a miniatura do Oceanário foi oferecida pelo Estado português à Mini-Europa em 1997, quando o próprio Oceanário ainda se encontrava em construção. Foi a primeira vez que a Mini-Europa acolheu uma miniatura de um edifício que ainda não estava acabado.
Coimbra não é contemplada na Mini-Europa, mas a lista do que ficou de fora é quase infinita (e o Mosteiro da Batalha? E o Convento de Mafra? E o cromeleque dos Almendres? O Piódão? A aldeia de Monsanto? As Casas de Santana? – e já a minha própria lista é censurável, pois deixa de fora muitas indignações justificadíssimas), pelo que, tudo ponderado, estamos dignamente representados. Consta, aliás, que a selecção foi mais cuidadosamente feita relativamente aos países que estão há mais tempo na União Europeia do que aos que aderiram há menos anos. Um amigo eslovaco queixava-se de o seu país não ter, na Mini-Europa, um magnífico castelo medieval, dos mais bem preservados e antigos da Europa. Todos temos as nossas dores. Por mim, o Paço das Escolas seria uma presença merecidíssima. Talvez o Município de Coimbra queira pensar em oferecer uma miniatura à Mini-Europa?