Afastado voluntariamente da política partidária activa, recebi nos últimos dias inúmeras mensagens, telefonemas e solicitações, no sentido de analisar e pronunciar-me sobre a recente posição do PS local na votação em sede do Executivo Camarário sobre as Grandes Opções do Plano e Orçamento 2025.
Na recente discussão e aprovação do Orçamento de Estado para 2025 na Ass. da Rep., o PS traçou duas linhas vermelhas, a saber:
– O IRS jovem
– O IRC
O Governo da República cedeu e foi encontrada uma plataforma de entendimento entre o Governo e o maior Partido da Oposição, com ganhos relevantes para o Orçamento de Estado e para os portugueses.
Na Figueira da Foz, e com excepção da Vereadora Glória Pinto, os Vereadores eleitos pelo PS votaram contra o Orçamento e as GOP para 2025, sem que se vislumbrassem razões substantivas.
O Governo de António Costa negociou e implementou o PRR e o Portugal20/30. Fez bem e por isso os portugueses deram-lhe uma maioria absoluta. Por todo o país, empresas e autarquias tentam desesperadamente aprovar e pôr no terreno projectos dada a escassez de tempo para a utilização dos fundos comunitários.
O Executivo da Figueira da Foz, desencadeou um conjunto de investimentos sobretudo na área da educação, habitação e saúde, sectores críticos do país.
O Ps local, através dos seus Vereadores e do Secretariado da Comissão Política Concelhia é contra.
Mas é contra o quê?
É contra a habitação a custos controlados sobretudo dentro da cidade não empurrando os cidadãos para as periferias criando guetos como hoje infelizmente existem?
É contra o reforço das infraestruturas de saúde locais no momento em que o SNS vive momentos tão difíceis?
É contra a despesa remuneratória dos funcionários públicos autárquicos?
É contra a expansão e criação de novas zonas industriais?
É contra a renovação do Parque Escolar, infelizmente tão abandonado e sem condições para alunos, professores e funcionários?
Convenhamos, alguns estão a levar o PS da Figueira da Foz para um beco sem saída.
Espero bem que em sede de Assembleia Municipal os eleitos pelo PS tenham o bom senso, o discernimento e a inteligência de não empurrarem o PS para o abismo transformando um Partido de Poder, hoje na oposição, num pequeno e insignificante Partido de protesto.
E, como já ouvi, não pensem em dividir os votos dos deputados municipais socialistas com os eleitos directos a votar contra e os Presidentes de Junta a absterem-se. É pior a emenda que o soneto, e só revela que em vez de princípios e estratégia o PS da Figueira da Foz sucumbe ao taticismo mais primário.
A política, como dizia Mário Soares, é a arte do consenso e do comprimisso. O equilíbrio entre os nosso principios e os dos nossos adversários. Aqueles que não percebem isto estão a ser os coveiros do PS e daqueles que com tanto sacrifício fizeram do PS o maior Partido português.
Sei, e de que maneira, por experiência própria, que não é fácil ser oposiçao ao Dr. Pedro Santana Lopes. Mas essa dificuldade não pode e não deve tolher-nos a inteligência, o bom senso e a coragem.
(*) Militante de base do PS da Figueira da Foz, foi deputado, vereador e presidente da Assembleia Municipal da Figueira da Foz