O Partido Socialista (PS) vai candidatar o actual vereador Sérgio Negrão à presidência da Câmara Municipal de Cantanhede, liderada pelo PSD há quase três décadas.
Sérgio Negrão, de 48 anos, natural de Cantanhede “e daqueles que ainda nasceu no hospital João Crisóstomo”, assumiu um lugar na vereação em 2021 (o PS tem dois eleitos contra cinco do PSD) e pretende constituir-se, em 2025, como uma alternativa de uma nova geração aos social-democratas, que venceram, consecutivamente, as últimas seis eleições autárquicas.
“Nos últimos 50 anos, a Câmara foi liderada pelo PS em apenas quatro anos, entre 1993 e 1997, é um facto histórico até, é natural que o PSD tenha o poder consolidado”, disse à agência Lusa Sérgio Negrão, admitindo que a vitória “é uma tarefa dificilíssima” para o Partido Socialista. “Mas também, se não fosse para ganhar eu não ia a jogo”, vincou o candidato.
Frisando que o país e o mundo têm vindo a mudar a uma velocidade extraordinária na última década, o socialista, dizendo não querer argumentar com a necessidade de uma mudança geracional, lembrou que o município de Cantanhede “tem pessoas, há mais de duas décadas, consecutivamente no poder executivo”.
“Isto também nos deve levar a reflectir enquanto comunidade, enquanto Município. Foi por essa reflexão que achei que era o momento certo de avançar, gostaria que as pessoas assim o interpretassem, de ser uma alternativa mais fresca, de uma outra geração, uma geração que olha para os assuntos de uma forma diferente”, enfatizou Sérgio Negrão.
O candidato, que também preside à concelhia do PS de Cantanhede, frisou, por outro lado, que nada garante obrigatoriamente que a actual correlação de eleitos no Executivo municipal se mantenha depois das próximas eleições, agendadas para 2025. “Há mais forças partidárias hoje a exercerem a sua função na comunidade, que não existiam há oito anos”, lembrou.
Partindo do lema “fazer diferente, fazer melhor”, a candidatura de Sérgio Negrão tem, assim, o objectivo de conquistar a confiança dos eleitores de Cantanhede e assumir-se “efectivamente, como uma alternativa ao poder instalado nos últimos anos”.
“E a nossa postura nunca será de crítica gratuita e de bota-abaixo só porque sim. Isso não vamos fazer, temos divergências de perspectiva para com a vereação social-democrata, mas que não passam disso, não significa que sejamos inimigos, ali [na vereação] somos parceiros para tentar chegar a uma plataforma de entendimento e alcançar objectivos comuns”, enfatizou.
O autarca socialista alegou que, desde que foi eleito em 2021 (foi segundo na lista do PS à Câmara de Cantanhede e assumiu o lugar de vereador), ganhou “algum lastro de conhecimento” sobre o trabalho municipal ao nível executivo, que, até então, não possuía e que resulta, agora, na sua candidatura. Esta, acrescentou, é assim “mais um reflexo de algo [o seu trabalho na vereação] do que uma decisão que surja do nada”.
A candidatura de Sérgio Negrão pretende ainda, ao nível partidário, “fazer algo que não tem sido feito no PS de Cantanhede nos últimos 20 anos”, ou seja, existir um projecto de continuidade, “coerente, que tenha, ao longo do tempo, tanto as pessoas como as ideias que o sustentam”, alegou.
“O PS de Cantanhede não pode querer ter resultados diferentes se continuar a fazer as coisas da mesma forma, de quatro em quatro anos aparecia um candidato novo, alguém que nunca tinha estado ligado ao processo. Faço estes quatro anos enquanto vereador, assumo a liderança, vamos a jogo, assumo o desafio de tentar fazer um bom resultado”, reafirmou Sérgio Negrão.
O PSD venceu as eleições para a Câmara Municipal de Cantanhede em 2021 com 55,3% dos votos, reunindo as preferências de 9.941 eleitores e obtendo cinco mandatos. O PS consegui dois mandatos, correspondentes a 5.007 votos (27,8%).