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Pescadores da Figueira da Foz alertam para perigo de morte no cais da margem sul

21 de Novembro 2024 Jornal Campeão: Pescadores da Figueira da Foz alertam para perigo de morte no cais da margem sul

Pescadores da Figueira da Foz alertaram para o perigo de morte no Portinho da Gala, localizado na margem sul do rio Mondego, devido à presença de lamas e lodos que se acumulam na zona do cais.

De acordo com os pescadores, a infra-estrutura que acolhe embarcações de pesca artesanal e recreio, sofre de assoreamento constante, agravado pelo acumular de lamas nas marés vazantes. O problema é particularmente grave junto aos passadiços flutuantes e à rampa de acesso ao rio.

“Se alguém cair aqui, morre logo, a lama engole-nos”, alerta Tó João, um dos pescadores que utiliza o portinho da Gala. Este espaço foi inaugurado em 2004 e, inicialmente, estava previsto para acolher até 300 pescadores e 80 embarcações. No entanto, o aumento do assoreamento tem tornado o local perigoso e praticamente inutilizável, especialmente durante as marés vazantes.

Outro pescador, António Pereira, destaca a fragilidade da lama, que é mais solta e movediça do que as lamas encontradas em outros pontos da região, como nos esteiros e canais de aquacultura. “Quem cair ali vai ficar enterrado, até à cintura, e não consegue sair”, adverte.

Armandina, também pescadora, complementa que, durante o pico das marés vazantes, o portinho fica quase completamente seco, com uma profundidade que, sem o assoreamento, poderia atingir pelo menos dois metros.

Os pescadores exigem uma intervenção urgente, considerando que o local não recebe manutenção adequada, que deveria ocorrer a cada dois anos. Já em 2023, foi discutida uma solução provisória com a Junta de Freguesia de São Pedro, que passava pela remoção de dois passadiços e a sua colocação no exterior do molhe de protecção, onde a água está sempre presente, permitindo o trabalho seguro.

No entanto, após a visita do presidente da Câmara Municipal, Pedro Santana Lopes, e do então vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Pimenta Machado, em Janeiro de 2024, os pescadores lamentam que nada tenha sido feito para resolver o problema. “É uma vergonha. Ninguém quer saber de nós, nem o presidente da Câmara, nem o presidente da Junta”, criticam.

Jorge Aniceto, presidente da Junta de Freguesia, confirmou a realização da visita e das reuniões com a Câmara, tendo sido discutida a possibilidade de um protocolo entre a APA e o município para resolver a situação, como aconteceu em 2016, quando a Câmara Municipal custeou uma dragagem no valor de 60 mil euros.

Até ao momento, a Agência Portuguesa do Ambiente não se pronunciou sobre os próximos passos para resolver o problema.