A supervisão clínica de estudantes em enfermagem assume um papel crucial para o desenvolvimento de competências. Nos últimos anos, a transição digital tem vindo a transformar a supervisão, criando oportunidades, mas também desafios para os estudantes, supervisores e instituições de ensino.
Na realidade actual, observa-se a integração de ferramentas digitais e plataformas de e-learning como oportunidades com vantagens na supervisão clínica, nomeadamente o feedback imediato, pois, os supervisores ao avaliar e acompanhar os estudantes, mesmo à distância, adoptam uma supervisão mais frequente, que permite uma interacção rápida e eficaz. Desta forma, os envolvidos promovem a inovação pedagógica, acompanhado a transformação através do conectivismo.
A experiência e a reflexão entre pares permitem identificar desafios na supervisão clínica, pois a enfermagem é uma disciplina de relação/interacção não pode ser totalmente substituída por meios digitais.
Assim sendo, deve ser proporcionado um equilíbrio entre o recurso ao meio digital e o presencial. A transição digital não deve ser vista como uma substituição completa do modelo tradicional, mas sim como um complemento que expande as possibilidades da supervisão clínica. As instituições de ensino em enfermagem, para acompanhar esta transição têm de encontrar um equilíbrio entre a prática clínica presencial e o suporte digital, para garantir desenvolvimento de competências nos estudantes, sem esquecer as relacionais e humanas.
Porém, é essencial que as instituições invistam na capacitação dos supervisores, preparando-os para utilizar as tecnologias digitais não apenas como um recurso pedagógico, mas como uma ferramenta de proximidade, garantindo que os estudantes se sintam apoiados e norteados. As políticas governamentais na formação, devem dar sentido à criação de acessibilidade tecnológica, promovendo condições equitativas para os estudantes e evitando o fosso digital, acompanhando a qualidade no ensino.
Salienta-se que a transição digital tem o potencial de elevar a qualidade da supervisão clínica dos futuros enfermeiros, devendo ser vista como aliada no processo, mas obriga a uma abordagem responsável e equilibrada, de todos os intervenientes. Paralela, a forte componente humana, que caracteriza o curso de enfermagem não pode ser totalmente digitalizada. Assim, é fundamental que os supervisores, de forma equilibrada, utilizem as ferramentas digitais sem comprometer a prática e empatia, essenciais à profissão de enfermagem.
(*) Enfermeira Especialista da ULS da Região de Leiria, com Competência Avançada em Supervisão Clínica