Pescadores do Mondego pediram uma união de esforços aos municípios da Figueira da Foz e de Montemor-o-Velho para ser possível retirar para terra as plantas invasoras aquáticas que prejudicam a pesca, impedindo-as de chegar ao canal central do rio.
Em declarações à agência Lusa, vários pescadores de lampreia, sável ou berbigão, com embarcação no portinho da Gala, no braço sul do rio Mondego, alegaram que a solução para os jacintos-de-água que se prendem às redes e prejudicam a faina passa por um entendimento e concertação de meios, como maquinaria pesada, entre os dois municípios ribeirinhos.
“Andamos no rio e não conseguimos trabalhar, queremos largar as redes e não conseguimos, os jacintos não nos deixam trabalhar. A safra são dois e meses e meio, e temos aí um mês em que queremos ir para o rio e não conseguimos, temos de estar parados”, disse Tó João, um dos 40 pescadores de pesca local existentes no portinho da Gala.
“A rede da lampreia tem uma malha miudinha, você larga uma rede e o resto da maré vai passá-la num cais a limpá-la [dos jacintos-de-água], já não faz mais nada, tem sido sempre assim”, argumentou, por seu turno, Armandina, também pescadora local.
A pescadora disse ainda que o problema se estende ao berbigão “que quase desapareceu” dos baixios do Mondego, por culpa das invasoras aquáticas: “Aquilo fica no fundo do rio, tínhamos aqui muito berbigão e aquilo matou tudo, abafou o fundo do rio e matou tudo”, acusou.
“As redes, como ficam presas com bocadinhos de jacintos, acabam por abotoar e partir e não conseguem pescar à altura que podiam estar a pescar”, observou, por seu turno, António Pereira, outro pescador do cais da Gala.
Na última safra de lampreia, aquele peixe ciclóstomo de água doce escasseou no Mondego e os pescadores temem que uma das causas possa estar relacionada com a deposição e o apodrecimento de restos de jacintos-de-água no fundo do rio.
“Nós não sabemos, nem ninguém sabe. Mas também associamos [a escassez] um bocado a isso, porque a lampreia também é um peixe que anda pelo fundo. Agora, a draga andou ali no rio, mas o fundo estava completamente podre, estava minado daquilo. E quando a maré vira aquilo levanta e aí é escusado andar no rio, as redes ficam cheias daquilo”, argumentou Armandina.
Em anos recentes, com o aumento dos caudais, os jacintos-de-água que entram no canal central do Mondego flutuam à superfície até à Figueira da Foz, onde, em contacto com a água salgada, perdem as suas capacidades infestantes e acabam por morrer.
Nesta cidade, por mais do que uma vez, os jacintos-de-água chegaram às praias ou ficaram depositados na marina da margem direita, de onde só foram retirados em operações de limpeza com recurso a maquinaria pesada.