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Primeiras trutas assilvestradas libertadas em Figueiró dos Vinhos

31 de Outubro 2024 Jornal Campeão: Primeiras trutas assilvestradas libertadas em Figueiró dos Vinhos

As primeiras trutas assilvestradas, criadas no Posto Aquícola de Campelo, foram libertadas na manhã de ontem na Ribeira de Alge, na zona de Engenho. Esta acção faz parte do Projecto “CRER – Adaptação do Posto Aquícola de Campelo para Criação Experimental de Trutas Assilvestradas”, um projecto-piloto inovador em nível nacional e internacional, sob a responsabilidade do Município de Figueiró dos Vinhos.

O projecto é integrado no ALJIA – Plano de Gestão Integrada da Ribeira de Alge e conta com o apoio técnico e científico do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e da Universidade de Évora. O objectivo é a criação experimental de trutas assilvestradas em viveiros adaptados, que simulam o habitat e comportamento naturais da espécie. As trutas são alimentadas com alimento vivo e têm o mínimo de contacto humano, visando o repovoamento sustentável dos cursos de água onde a espécie ocorre naturalmente, sem comprometer o património genético local.

Após dois anos de ensaios experimentais para avaliar a eficácia dos novos equipamentos instalados e a resposta dos peixes, foram libertadas na Ribeira de Alge as primeiras trutas-de-rio produzidas com as novas metodologias de assilvestramento. Estas trutas foram devidamente marcadas com chips para serem monitorizadas ao longo da sua vida, com a expectativa de uma maior taxa de sobrevivência, dado que foram criadas em condições que se aproximam das que encontrarão na natureza.

Carlos Alexandre, investigador do MARE e da Universidade de Évora, um dos responsáveis pela componente técnica e científica do projecto, explicou que, apesar de alguns desafios durante a produção, como a mortalidade elevada, o número de trutas libertadas este ano foi inferior a 100. Contudo, destacou que “estes animais têm uma probabilidade maior de sobreviver devido ao modo diferenciado como foram produzidos”. Segundo o investigador, os problemas que levaram à mortalidade já foram resolvidos, e espera-se que no próximo Outono o número de trutas libertadas seja significativamente maior.