As primeiras trutas assilvestradas, criadas no Posto Aquícola de Campelo, foram libertadas na manhã de ontem na Ribeira de Alge, na zona de Engenho. Esta acção faz parte do Projecto “CRER – Adaptação do Posto Aquícola de Campelo para Criação Experimental de Trutas Assilvestradas”, um projecto-piloto inovador em nível nacional e internacional, sob a responsabilidade do Município de Figueiró dos Vinhos.
O projecto é integrado no ALJIA – Plano de Gestão Integrada da Ribeira de Alge e conta com o apoio técnico e científico do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e da Universidade de Évora. O objectivo é a criação experimental de trutas assilvestradas em viveiros adaptados, que simulam o habitat e comportamento naturais da espécie. As trutas são alimentadas com alimento vivo e têm o mínimo de contacto humano, visando o repovoamento sustentável dos cursos de água onde a espécie ocorre naturalmente, sem comprometer o património genético local.
Após dois anos de ensaios experimentais para avaliar a eficácia dos novos equipamentos instalados e a resposta dos peixes, foram libertadas na Ribeira de Alge as primeiras trutas-de-rio produzidas com as novas metodologias de assilvestramento. Estas trutas foram devidamente marcadas com chips para serem monitorizadas ao longo da sua vida, com a expectativa de uma maior taxa de sobrevivência, dado que foram criadas em condições que se aproximam das que encontrarão na natureza.
Carlos Alexandre, investigador do MARE e da Universidade de Évora, um dos responsáveis pela componente técnica e científica do projecto, explicou que, apesar de alguns desafios durante a produção, como a mortalidade elevada, o número de trutas libertadas este ano foi inferior a 100. Contudo, destacou que “estes animais têm uma probabilidade maior de sobreviver devido ao modo diferenciado como foram produzidos”. Segundo o investigador, os problemas que levaram à mortalidade já foram resolvidos, e espera-se que no próximo Outono o número de trutas libertadas seja significativamente maior.