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Governo avança com novo plano de reorganização das urgências

22 de Outubro 2024 Jornal Campeão: Governo avança com novo plano de reorganização das urgências

O Ministério da Saúde anunciou hoje o início do plano de reorganização das urgências de obstetrícia, ginecologia e pediatria, que será implementado inicialmente como projecto-piloto nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Oeste e Península de Setúbal. Este plano visa enfrentar as dificuldades registadas, especialmente a falta de especialistas, que tem levado ao encerramento parcial e rotativo de serviços. Segundo a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, o plano será posteriormente avaliado e expandido a todo o país.

O plano, elaborado pela Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, presidida por Alberto Caldas Afonso, propõe a criação da Linha SNS Criança, destinada a desviar dos serviços de urgência os casos não urgentes, e a triagem das grávidas através da Linha SNS 24.

Ana Paula Martins reconheceu que a resposta dada às grávidas e às crianças “não tem sido a melhor” e destacou que o objectivo é evitar o encerramento ou rotatividade dos serviços, factores que, segundo a ministra, geram grande ansiedade entre as utentes e as suas famílias.

O plano prevê também o encaminhamento dos casos menos urgentes, identificados com pulseiras azuis e verdes, para os centros de saúde em até 48 horas, reduzindo assim a pressão sobre as urgências hospitalares.

Contudo, a proposta recebeu críticas por parte da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que considera o plano “pura propaganda” e aponta para a falta de soluções concretas para reforçar os recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM, questionou como serão reforçadas as equipas médicas nos centros de saúde e nas urgências hospitalares, alertando para uma degradação contínua do serviço.

A FNAM acusa ainda o Governo de esvaziar os serviços públicos, dando o exemplo da transferência da administração de vacinas para as farmácias, o que, segundo a federação, implica custos adicionais e desnecessários.

Por fim, Caldas Afonso, coordenador do plano, sublinhou a importância de aumentar a literacia da população sobre o uso adequado dos serviços de saúde e reforçou o compromisso de manter as urgências em funcionamento contínuo, evitando a sua rotatividade.