Coimbra  13 de Novembro de 2024 | Director: Lino Vinhal

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BE estranha que Câmara de Coimbra assinale a pobreza com fotos em centro comercial

16 de Outubro 2024 Jornal Campeão: BE estranha que Câmara de Coimbra assinale a pobreza com fotos em centro comercial

A Comissão Concelhia do Bloco de Esquerda (BE) mostra-se preocupada por a Câmara de Coimbra assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza com uma exposição fotográfica e num centro comercial.

“Reconhecemos a importância de utilizar abordagens inovadoras para sensibilizar a população sobre a questão da pobreza, no entanto a realização de iniciativas comemorativas isoladas e descontextualizadas reforçam o risco de estigmatização de territórios e de pessoas”, refere o BE.

Aquele órgão do Bloco de Esquerda questiona “o impacto e a adequação de uma iniciativa que, ao invés de contribuir para a erradicação deste flagelo, potencia a instrumentalização das pessoas em situação de pobreza”. “Acresce que a exposição de imagens destas pessoas num local privilegiado de consumo e lazer corre o risco de promover a objectificação dos mais vulneráveis, transformando as suas realidades em meras peças de uma exposição, criando um efeito contraproducente ao normalizar a pobreza”, acrecenta.

Para o BE, “mais preocupante ainda é o facto de o Município de Coimbra, que organiza esta exposição, não apresentar, até à data, um plano de combate e erradicação da pobreza local, nem uma estratégia clara e robusta para enfrentar as causas profundas da exclusão social e da desigualdade”. ”É incompreensível que, numa cidade que deveria primar pela inclusão e justiça social, se assinale esta data com uma iniciativa que parece desviar o foco das verdadeiras soluções e políticas públicas necessárias para erradicar a pobreza”, considera.

O Bloco de Esquerda exige que “o Município de Coimbra assuma uma posição de real erradicação da pobreza, com políticas concretas e eficazes, como o aumento do investimento em habitação social, programas de apoio ao emprego digno, melhoria da rede de segurança social e, acima de tudo, uma abordagem sistémica que inclua a participação activa das pessoas que vivem em situação de pobreza na construção das soluções”.