A associação que programa a Casa da Cidadania da Língua, em Coimbra, realçou que promoveu cerca de 40 eventos no primeiro semestre e ambiciona crescer numa casa que “era invisível”, mas que ainda é “objecto de arremesso político”.
A Associação Portugal Brasil 200 Anos (APBRA) apresentou esta quinta-feira o relatório de actividades do primeiro semestre de programação da Casa da Cidadania da Língua, espaço municipal de Coimbra que antes era denominado de Casa da Escrita, cujo processo de mudança de nome e atribuição da responsabilidade curatorial a uma instituição externa foi objecto de crítica por parte da oposição.
Na conferência de imprensa, onde esteve também o presidente da Câmara de Coimbra, o responsável da APBRA, José Manuel Diogo, salientou que o relatório, documento de 86 páginas divulgado aos jornalistas e publicado no ‘site’ da casa, apresenta “com detalhe e rigor” todo o dinheiro gasto no primeiro semestre (cerca de 42 mil euros), sem ter ido “um cêntimo” para a associação que dirige.
Ao longo do primeiro semestre, a Casa da Cidadania da Língua recebeu exposições, palestras, performances, espectáculos e residências literárias, num total de cerca de 40 eventos, num ano que tem como tema de programação os 500 anos do nascimento de Camões.
José Manuel Diogo reconheceu que aquele espaço estava “escondido de si próprio” e ficou “aprisionado de narrativas”.
O espaço foi alvo de confronto político entre oposição e Executivo liderado pela coligação Juntos Somos Coimbra sobre a mudança de nome e atribuição da programação à APBRA (a gestão continua a ser municipal) de um espaço que já teve um curador externo à autarquia no passado (António Vilhena, actual deputado municipal pelo PS).
“Gostávamos de ter mais adesão”, admitiu José Manuel Diogo, realçando, no entanto, que a afluência apesar de não ser tão grande como a associação “gostaria que fosse”, será “maior do que era”.
Questionado pela agência Lusa sobre o número de pessoas que passaram pela Casa da Cidadania da Língua este ano, o responsável referiu que o espaço não tem, de momento, “mecanismos de contabilização” de público. “Quero lançar o repto para virem cá”, vincou, desafiando quem critica a fazer sugestões e a participar na programação.
Para o presidente da APBRA, a casa “era invisível e hoje já não o é, mas ainda não pelas boas razões”, considerando que ainda é preciso fazer trabalho para garantir uma casa mais aberta e menos escondida da cidade.
Também o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, defendeu que o espaço deveria “deixar de ser objecto de arremesso político”.
O autarca vincou ainda que a apresentação do relatório do primeiro semestre vai “ao encontro da filosofia de transparência” do Município, considerando que o escrutínio que o espaço recebeu “é um estímulo para fazer mais e melhor”.
Aquela casa “tem tudo para crescer e o crescimento passa pelo envolvimento de todos e de todas”, salientou.
José Manuel Diogo referiu, ainda, que o tema de 2025 para a programação da casa estará centrado na descolonização do património físico e intelectual.