Leiria prepara-se para receber Festival de teatro Acaso

A partir de sábado (21), até dia 27 de Outubro, Leiria vai acolher a 29.ª edição do festival internacional de teatro Acaso. O evento vai apresentar 25 espectáculos desenvolvidos por artistas e companhias de sete países, nomeadamente, Austrália, Cabo Verde, Colômbia, Cuba, Espanha, Moçambique e Portugal.

Organizado pelo grupo “O Nariz”, o Acaso é o certame de artes cénicas e performativas mais antigo, mais diversificado e de maior duração da Região Centro Litoral. Além do teatro, o festival também envolve música, marionetas, contos, circo e performances multidisciplinares. De acordo com a organização, toda esta diversidade tem como objectivo refletir que “a vida, assim como a arte, é intrinsecamente caótica e fragmentada”. Nesse sentido, o programa deste ano promete abraçar “a desordem” e, paradoxalmente, encontrar “a beleza e a coerência na sua própria incoerência”.

O arranque desta edição destaca a estreia da nova versão de “O meu pequeno país”, a 21 de Setembro, a partir das 21h00, no Teatro Miguel Franco. Com escrita de Luís Mourão, a peça “fala acerca de ocupação de espaço: uma campa. Eles lutam por uma campa, que tem um tomateiro, uma alface e uma couve”, explica, em declarações à agência Lusa, Pedro Oliveira, encenador que integra o elenco. A obra tenta, assim, recuperar “uma metáfora sobre a guerra”, sendo interpretada em quatro línguas: português, castelhano, inglês e francês.

“Falamos todos cada um na sua língua e entendemo-nos todos, como se falássemos a mesma”, sublinha Pedro Oliveira, salientando que o propósito é “passar para o público que as guerras não têm línguas, mas todas têm o mesmo objectivo: ocupar território do outro, matarem-se uns aos outros, indiferentemente de quem as faz”.

Seis semanas de espectáculos

Durante as próximas seis semanas, aproximadamente, o Acaso leva ao público leiriense “o melhor do teatro independente, da música e da dança”. Deste modo, o certame prossegue, no domingo (22), com “Contos ao Pôr-do-Sol”, a realizar-se em Alvados, concelho de Porto de Mós. Já no dia 26, é a vez do cubano Glenmy Rodríguez apresentar o monólogo “El casting”, na sede d’O Nariz, e, no dia 27, a Companhia da Esquina leva “Terror e miséria no Terceiro Reich” ao Teatro José Lúcio da Silva.

Pelo meio, no dia 12 de Outubro, os presentes vão poder assistir a “Kokorokokaixa”, do Teatro Extremo. Por sua vez, no dia 15 do mesmo mês, vai decorrer a tertúlia “As portas que Abril abriu”, na sede d’O Nariz, com os cantautores Samuel e Lúcia Moniz e o dramaturgo Luís Mourão. No dia seguinte (16), o Teatro Miguel Franco vai acolher a música e poesia “A liberdade é uma ilha”, pelas mãos de Samuel, Lúcia Moniz e Nuno Tavares. O festival termina no dia 27 de Outubro com várias performances no microfestival “O Portão”.

O Festival “Acaso” nasceu, em Leiria, em 1996, e, desde então, já foi palco de mais de duas centenas de companhias e projectos culturais. O certame é hoje uma marca da cidade e da própria região, tendo já recebido mais de 150 mil espectadores.

Cátia Barbosa (Jornalista do “Campeão” no Porto)