O secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, avisou que, apesar de ser muito importante evitar eleições, não permitirá a aprovação de um Orçamento do Estado com “medidas lesivas”, afirmando que a disponibilidade do PS não é “a qualquer preço”.
“É muito importante nós evitarmos eleições. É ainda mais importante nós garantirmos que não são adoptadas medidas que são penalizadoras de forma permanente para os portugueses. Isso nós não permitiremos”, afirmou Pedro Nuno Santos sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) na intervenção de abertura, este sábado, da Comissão Nacional do PS que decorre em Coimbra.
O aviso do líder do PS foi claro: “Nós nunca iremos permitir que seja aprovado um Orçamento que tenha medidas que são lesivas para os portugueses, para os serviços públicos, para a coesão social dos portugueses”.
“O Partido Socialista não quer ser responsável por 50% do Orçamento. Nós não vamos negociar metade do Orçamento, não é essa a nossa ambição. Nós queremos garantir que algumas medidas erradas não sejam adoptadas e que possam ser introduzidas, algumas, poucas, que possam melhorar o orçamento de Estado”, explicou.
Considerando que este “nunca será um Orçamento do Estado do PS”, Pedro Nuno Santos afastou a possibilidade de os socialistas se comprometerem com um documento do qual discordem “na sua globalidade”.
“Nós não nos colocamos é de fora. Agora, não a qualquer preço. Isso seria um desrespeito, não era para connosco, era um desrespeito para com o país, para com a democracia, para com o compromisso que nós assumimos perante os portugueses”, enfatizou.
Segundo o líder socialista, o PS, “que perdeu as eleições em Março deste ano, que está na oposição, tem sido o partido mais pressionado para assegurar a sustentabilidade do Governo ou do partido que ganhou as eleições”.
“E nós estamos todos bem recordados da celebração da viragem à direita, da derrota do socialismo e agora é pedido ao Partido Socialista que sustente um governo que tem uma política muito distante daquela que nós achamos que é necessária para o país. A distância entre nós e as soluções que o PSD apresenta é muito grande. E nós sabíamos em Março que eram muito grandes. Não há nenhuma mudança de estratégia, como eu tenho ouvido”, defendeu.
Pedro Nuno Santos recuperou a ideia defendida desde que perdeu as eleições legislativas de que “é praticamente impossível” o PS viabilizar “um Orçamento do Estado que espelhe exclusivamente ou quase na totalidade o programa eleitoral” da AD com o qual os socialistas discordam e combateram durante a campanha.
“Nós estamos, no entanto, disponíveis para dar uma oportunidade a quem quer continuar a governar Portugal para garantir condições para a viabilização desse Orçamento e, dessa forma, evitarmos eleições antecipadas. Nós disponibilizámo-nos. Isso não significa que o Partido Socialista abdique daquele que é o seu programa e da visão que tem para o país”, avisou.
Se isso acontecesse, segundo o líder do PS, “isso era um péssimo sinal” que o seu partido daria ao país.
“Era errado, não respeitávamos a democracia, nem quem votou em nós nem no nosso compromisso. O compromisso do Partido Socialista para com os portugueses, não é para com o PSD. O nosso compromisso não é para com nenhum cálculo eleitoral”, assegurou.
Explicando que o compromisso do PS “é com as boas políticas para ajudar a melhorar a vida dos portugueses”, e que só isso deve estar na base da decisão do partido, Pedro Nuno Santos referiu que quando contesta medidas como o IRS Jovem e o IRC não está a “reduzir o Orçamento do Estado a essas duas medidas”.
“Eu já disse várias vezes o Orçamento do Estado, como todos nós sabemos, é a tradução financeira de uma determinada política para o país e uma política para muitas áreas, para todas as áreas da governação”, insistiu.