No dia 17 de Setembro, às 18h00, no Colégio do Carmo, em Coimbra (Rua da Sofia, 114), celebrar-se-á o VIII centenário da impressão dos estigmas no corpo de S. Francisco de Assis.
A iniciativa inclui uma conferência subordinada ao tema “Revisitar o Santo Sudário de Turim, no VIII centenário dos estigmas de S. Francisco”, com o Prof. Victor Manuel de Matos Lobo e o Dr. Antero Frias Moreira.
Victor Manuel de Matos Lobo é Professor Catedrático Jubilado do Departamento de Química da Universidade de Coimbra, membro da Academia das Ciências de Lisboa e dirigiu várias associações e revistas científicas nacionais e internacionais relacionadas com a Química.
Antero Frias Moreira é médico fisiatra e director clínico da CERMA, uma unidade privada de saúde que presta cuidados de Medicina Física e de Reabilitação, membro do Centro Português de Sindonologia e da Associação dos Médicos Católicos Portugueses.
No dia 17 de Setembro a família franciscana celebra a festa da impressão dos estigmas de São Francisco, quando aquele recebeu os sinais da Paixão de Cristo.
Os seus biógrafos relatam o acontecimento, com Tomás de Celano a narrar o seguinte: “Dois anos antes de partir deste mundo para o céu, permanecendo ele no eremitério que (…) tem o nome de Alverne, foi por Deus favorecido com a seguinte visão: pairando acima dele, apareceu-lhe um homem em forma de Serafim, com seis asas, preso a uma cruz, com os braços estendidos e os pés unidos. Duas asas prolongavam-se por cima da cabeça, duas abriam-se para voar e outras duas cobriam-lhe todo o corpo. Esta aparição mergulhou num pasmo infindo o servo do Altíssimo que, todavia, não acabava de lhe entender o significado. Sentindo-se envolvido pelo olhar benigno e afetuoso daquele serafim de inexcedível beleza, experimentava um gozo imenso, uma fogosa alegria. Contudo, aterrava-o sobremaneira vê-lo cravado na cruz, sofrendo atrozmente as dores de tamanha paixão. Levantou-se triste e alegre ao mesmo tempo, se assim me é lícito exprimir, alternando em seu espírito sentimentos de fruição e de amargura. Buscava com ardor descobrir o sentido da visão, mas todo se lhe agitava o espírito no esforço de o conseguir”.
E S. Boaventura, o Doutor Seráfico, conclui deste modo: “A visão, entretanto, desaparecera, deixando-lhe o coração a arder em chama viva – e deixando-lhe também o corpo marcado em chagas vivas. Foi exactamente nessa altura que lhe apareceram nas mãos e nos pés as marcas dos cravos, tais como acabara de as presenciar nesse homem crucificado. Tanto as mãos como os pés davam a ideia de terem sido trespassados com pregos (…) Também ao lado direito do peito apareceu uma cicatriz encarnada, como se tivesse sido aberta por uma lança, a qual por vezes chegava a sangrar, deixando vestígios na túnica e até nos calções interiores”.
“S. Francisco configura-se com Cristo, que procurou imitar, tornando-se um alter Christus. Os estigmas confirmam que Cristo o uniu a Si no amor incondicional e total pela humanidade e pela sua salvação, assinalando-o, desta forma, como modelo de vida e de santidade”, referem os franciscanos.
“A figura do Serafim marcá-lo-á a si e às ordens por ele fundadas. Ele, o Pai Seráfico, e Santa Clara, a Mãe Seráfica, partilharam ambos um amor intenso, abrasador por Deus, como é apanágio dos serafins (palavra derivada do hebraico e relacionada com o sentido de ‘consumir com o fogo’)”, acrescentam.
Ainda hoje, a Pontifícia Universidade de S. Boaventura, o centro internacional de estudos franciscanos em Roma, é conhecida muito simplesmente pelo nome de Seraphicum.