A estatística é uma ciência que desenvolve técnicas como a colheita de dados e sua organização, a interpretação, a análise e a representação, mas sendo um ramo da matemática (ciência exata), permite interpretações e análises diversas (não exatas), por vezes ao sabor e conveniência do expoente e da popularidade pretendida.
Obviamente, as fontes de informação não têm todas a mesma valia, não sendo possível comparar, por exemplo, o INE, o IEFP, o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, a Bloom Consulting, a “Time” e a “Forbes” (de que nos socorremos para a apresentação de indicadores da governação socialista em Coimbra), com uma empresa privada (fonte do Executivo de direita) que, entre outras críticas públicas, é referida como “empresa sem qualquer qualidade no serviço ou atendimento”.
Nos últimos 18 meses do Executivo de direita terão nascido 2 empresas / dia no concelho de Coimbra, titula-se (a ser verdade, para sermos rigorosos, seria 1,86), mas não é referido quantas empresas foram extintas/dissolvidas no mesmo período, não se identifica a empregabilidade (quanto postos de trabalho sem vínculo precário foram criados), sabe-se que os registos de actos societários nem sempre correspondem à actividade prática, não é apresentada a localização específica, não é referido se algumas empresas apenas mudaram de nome, nem o número total de empresas não financeiras.
Na governação socialista
Com a governação socialista em Coimbra, Coimbra ficou muito melhor. Foi travada a perda de população (variação da população residente em Portugal e em Coimbra, entre 2001 e 2021: +2,0 para -2,0 em Portugal, -3,0 /-4,0 para -2,0 / -1,0 em Coimbra, fonte INE).
Coimbra tinha cada vez mais empresas (+ 2.170 empresas não financeiras 2013-2019, atingindo 20.033 empresas, e aumentando 992 empresas de 2018 para 2019, fonte INE), e o volume de negócios das empresas de Coimbra registou um crescimento de 41% de 2013 a 2019 (de pouco mais de 2 milhões para cerca de 3,5 milhões de euros, fonte INE).
O desemprego baixou 48% em Coimbra entre 2013 e 2021 (menos cerca de 4.000 desempregados, fonte IEFP), e a atractividade de Coimbra impulsionou os proveitos dos alojamentos turísticos, que mais do que duplicaram de 2013 a 2019 (fonte INE).
O IMI reduzido para a taxa mínima permitiu poupar 44 milhões de euros às famílias, empresas e instituições, entre 2013 e 2019 (fonte Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses), e Coimbra passou a ter um saldo migratório positivo de +2.300 pessoas em 2019/2020 (de -1.883 pessoas em 2013 a +1.473 pessoas em 2020, fonte INE).
O que melhorou?
Concluindo, na governação socialista, a Bloom Consulting / Countries Regions and Cities considerava Coimbra como a 3.ª melhor cidade do País para viver, a revista “Time” referia que Coimbra era um dos 100 locais mais extraordinários do mundo a visitar (em 2021), e a revista “Forbes”, na mesma data, referia que Coimbra era uma cidade deslumbrante na sua beleza, arquitectura e gastronomia.
Então, o que melhorou durante o Executivo de direita? Coimbra suja, a falta de planeamento das obras, os aumentos de taxas municipais, a Baixa e a Solum inseguras, a tentativa de privatização de serviços, as inaugurações de obras (que o Executivo socialista projectou e desencadeou), etc.?
Coimbra tem-se destacado na educação, formação e investigação (!?). Graças à Universidade de Coimbra, ao Instituto Politécnico de Coimbra e à Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. A Câmara Municipal tem-se destacado no reembolso tardio dos cadernos de exercícios, nos problemas com os transportes dos deficientes, no impedimento do alargamento do projeto de alimentação saudável escolar localizada nas freguesias, e por aí fora.
O sector da saúde tem sido objecto de inúmeros investimentos, com a expansão de instituições de saúde e serviços médicos, de facto. Graças ao então Governo central socialista, com a construção de novas instalações no IPO, o alargamento do Serviço de Urgência dos HUC, a construção de nova Maternidade em Coimbra, a construção do Centro de Saúde Fernão Magalhães, a criação das Unidades Locais de Saúde, e muito mais. A Câmara Municipal destacou-se por não impedir o desmantelamento do Hospital Geral Central dos Covões. E por lhe ser outorgada a autoria da prestação de cuidados de saúde à população, o que não é verdade, pois tal compete ao Ministério da Saúde e aos profissionais de saúde.
Os monumentos, festivais, gastronomia, acções culturais, festas de freguesia e turismo já existiam há muito em Coimbra, com elevada frequência, promovendo a cidade e o concelho, sem privilegiar empresas do exterior para reduzida afluência.
Coimbra voltará a ser Coimbra.
(*) Médico e vereador do PS na Câmara de Coimbra