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Projecto quer mudar paisagem de mais de 400 hectares em Vila Nova de Poiares

5 de Setembro 2024 Jornal Campeão: Projecto quer mudar paisagem de mais de 400 hectares em Vila Nova de Poiares

A Câmara de Vila Nova de Poiares apresentou a operação integrada de gestão de paisagem (OIGP) do Alva, um projecto que pretende intervir em 464 hectares do concelho e acabar com a monocultura do eucalipto ali presente.

Na freguesia mais pequena e menos populosa daquele concelho, Lavegadas, aquele Município pretende transformar uma área de 464 hectares junto ao rio Alva, dominada pela monocultura do eucalipto, apostando numa floresta que junte a vertente de produção (pinheiro-bravo e eucalipto) com a aposta noutras espécies, como o castanheiro, o sobreiro ou o medronheiro, numa iniciativa financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“O que vai acontecer é que a floresta vai passar a ser gerida, o que não tem acontecido até aqui, por variadíssimas razões”, afirmou o presidente da Câmara, João Miguel Henriques, que falava aos jornalistas, esta quinta-feira, no final da apresentação da OIGP, que contou com a presença do secretário de Estado das Florestas.

Segundo o autarca, são poucos os proprietários que ainda cuidam dos seus terrenos, num território “ciclicamente afectado por incêndios florestais”.

O objectivo da operação na área integrada de gestão da paisagem (AIGP) definida pela autarquia é tornar a floresta “sustentável”, seja do ponto de vista ecológico e económico, mas também no combate contra incêndios.

“Para que isso aconteça, a floresta tem de estar limpa, tem de estar cuidada, tem de estar ordenada, tem de estar tratada, e tem de haver também aqui alguma preocupação ambiental, no sentido de combater aquilo que tem sido um desprezo e o abandono da floresta”, vincou.

No caso de Vila Nova de Poiares, a gestão da OIGP foi entregue à empresa privada Natural Sustainability, que fica responsável pela execução do projecto.

Segundo o responsável da empresa, Luís Alcobia, o processo foi moroso, com a AIGP a ter sido constituída em Setembro de 2021, mas apenas a começar a ser executada agora, depois de vários passos que tiveram de ser dados.

A OIGP tem uma verba de 695 mil euros por parte do PRR e já conta com 60% do terreno com proprietários identificados.

Entre os objectivos da operação estão o aumento da rentabilidade para o proprietário, o incremento da heterogeneidade da paisagem e uma adaptação do território às alterações climáticas, elencou Luís Alcobia.

De momento, a grande mancha florestal da área a intervir é ocupada por eucalipto, estando também presentes manchas de invasoras, como as acácias. Segundo Luís Alcobia, prevê-se para Outubro as primeiras intervenções de maior dimensão.