Coimbra  4 de Outubro de 2024 | Director: Lino Vinhal

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O céu de Setembro

4 de Setembro 2024 Jornal Campeão: O céu de Setembro

Céu a sudeste pelas 3 horas da madrugada de dia 18. Igualmente é visível a posição da Lua no dia 22

O regresso ao trabalho (para alguns) é marcado pela Lua Nova de dia três. Esta fase lunar ocorre quando a Lua se encontra na direcção do Sol, motivo pelo qual não nos é possível observá-la nestes dias. De facto, só ao final da tarde de dia 5 é que iremos observar a Lua pôr-se junto ao planeta Vénus e à constelação da Virgem. Esta efeméride tem lugar no mesmo dia em que a Lua atinge o seu apogeu (ponto da órbita mais afastado da Terra) motivo pelo qual parece ligeiramente mais pequena do que é habitual.

Neste mesmo dia o planeta Mercúrio terá atingido a sua maior elongação (afastamento relativamente à direcção do Sol) para oeste, sendo a melhor ocasião para observa-lo antes do amanhecer. Esta informação é particularmente relevante tendo em conta que no final do mês Mercúrio deixará de ser visível.

Na madrugada de dia 8 o planeta Saturno estará em oposição, i.e., a posição diametralmente oposta à do Sol. Por este motivo, iremos encontra-lo com a sua face totalmente iluminada.

Três madrugadas depois, a Lua apresentar-se-á na sua fase de quarto crescente, mas dada a fase lunar em questão, só iremos vê-la junto à constelação do Sagitário ao início da noite seguinte.

Tal como em sucedeu durante o mês de Agosto, no dia 17 terá lugar uma ocultação do planeta Saturno por parte da Lua. Este evento apenas será observável numa faixa que se estende da costa oeste dos EUA até o leste do continente australiano.

No dia 18 a Lua estará na direcção oposta à do Sol o que, por ocorrer onze horas antes desta atingir o seu perigeu (ponto de órbita mais próximo da Terra) dará lugar a uma superlua cheia. Aquando desta efeméride o extremo nordeste da Lua irá rasar a umbra terrestre, i.e. parte da sombra onde a luz solar é totalmente bloqueada pela Terra, originando desta assim um eclipse lunar parcial. Este evento começará pela uma 1h41 (hora de Lisboa) altura em que a Lua começará a passar pela zona donde apenas parte da luz solar é bloqueada pela Terra (a penumbra). Entre as 3h12 e as 4h14, o topo norte da lua irá atravessar a zona de umbra, sendo que o máximo do eclipse terá lugar pelas três horas e quarenta e quatro minutos. Este evento irá terminar pelas 5h45.

No dia 20 será a vez do planeta Neptuno estar em oposição.

 

Céu a sudoeste pelas 4 horas da tarde de dia 22. Igualmente é indicada a posição do Sol nos dias 15 e 27 (imagens adaptadas de Stellarium)

A presença da Lua junto ao aglomerado estelar do Sete-Estrelo (ou Plêiades) coincide com outra efeméride astronómica que no nosso país chamamos de Equinócio Outonal. De facto, pela 13h44 de dia 22 a Terra atinge o ponto da sua órbita em que o Sol passa a ser visto abaixo do Equador Celeste (projecção da linha do Equador na esfera celeste), dando assim início ao Outono no nosso hemisfério.

Ao final da madrugada de 26 veremos a Lua aproximar-se-á aos poucos da estrela Pólux, uma das cabeças da constelação dos Gémeos. Mais interessante é o facto desta noite (e não a de 22) durar doze horas.

Finalmente no dia 27 o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) atingirá o seu periélio (ponto de maior aproximação ao Sol). Alguns estudos indicavam que este objecto vindo da nuvem de Oort (uma nuvem esférica de corpos rochosos orbitando ao redor do Sol, com um raio de cerca de um ano-luz) poderá ser o cometa mais brilhante dos últimos anos. No entanto um estudo recente aponta a que o núcleo deste cometa esteja a entrar em fragmentação.

Boas observações!

Fernando J.G. Pinheiro (CITEUC e FCTUC)