A Câmara de Coimbra pretende que a CP altere a localização da residência de estudantes que previa construir na cidade, cujo projecto actual põe em causa o estudo urbanístico para a frente ribeirinha, na margem direita do rio.
Em Maio, um despacho da Comboios de Portugal (CP) aprovava um investimento de 890 mil euros, no âmbito no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para transformar um antigo dormitório numa residência estudantil com capacidade para 25 camas em Coimbra.
No entanto, o projecto entra em conflito com o estudo urbanístico da Câmara de Coimbra e o projecto de Joan Busquets, com o dormitório a não estar previsto no desenho do arquitecto catalão para a frente ribeirinha, no âmbito do Plano de Pormenor da futura Estação Intermodal de Coimbra, cujo estudo abrange também aquela zona, onde estão projectados dois edifícios em U em terrenos que são maioritariamente da Infraestruturas de Portugal (IP).
Face ao conflito entre as duas propostas, a Câmara de Coimbra iniciou um diálogo com o Ministério das Infraestruturas e Habitação para encontrar uma solução, afirmou à agência Lusa a vereadora com o pelouro do urbanismo, Ana Bastos.
De acordo com a vereadora, o projecto da CP “não se integra na morfologia urbana” projectada e impede a continuidade de uma via que estava prevista para aquela zona, no âmbito do estudo urbanístico.
“O ministro e a secretária de Estado da Mobilidade mostraram-se sensíveis e concordaram com a posição da Câmara de Coimbra”, referiu Ana Bastos, cuja última reunião com a secretária de Estado da Mobilidade foi na quinta-feira.
Face à impossibilidade de se perderem verbas do PRR, foi demonstrada abertura para se encontrar uma solução alternativa para a residência de estudantes prevista pela CP, acrescentou.
Nesse sentido, a Câmara de Coimbra irá procurar encontrar uma “solução alternativa para a residência de estudantes” que não comprometa o estudo urbanístico, com a vereadora a indicar como uma das possibilidades a reconversão de um pavilhão da IP, também naquela zona, junto ao edifício da Segurança Social.
Na reunião de quinta-feira, a CP também esteve representada e “prontificou-se a estudar” as soluções alternativas, disse. “O próximo passo será marcar uma reunião a três, entre CP, Câmara de Coimbra e IP”, referiu à Lusa Ana Bastos.
Segundo a vereadora, há vontade e abertura do Governo para se encontrar uma solução que não ponha em causa o estudo urbanístico e reconhece o impacto que a requalificação do dormitório teria naquela zona, já que a residência, a ser implementada, além de inviabilizar uma das vias, impedia também a construção de um dos dois edifícios em U projectados para a zona.
“Queremos manter o melhor dos dois mundos – não inviabilizar o nosso estudo, mas também garantir que a CP avance com a residência”, vincou.
Em Junho, a CP afirmava à agência Lusa que a requalificação do dormitório iria avançar, após ter visto aprovada a candidatura no âmbito do Programa Nacional de Alojamento para o Ensino Superior, aclarando que a residência seria futuramente gerida pela Universidade de Coimbra.
Também em Junho, a IP, questionada pela agência Lusa sobre o projecto que punha em causa aquilo que estava previsto na maquete de Joan Busquets para a zona, recusou-se a prestar quaisquer esclarecimentos sobre o assunto.