Não falta água na Bélgica. Desde logo, a muita que cai do céu, mas por todo o território abundam cursos e planos de água. A canoagem é por isso uma modalidade que encontra naquele país diversos locais apropriados à sua prática. Os rios Lesse, Semois, Ourthe ou Meuse oferecem boas condições para a canoagem em determinados pontos. Há ainda o lago Nisramont, na região montanhosa do Sul. Em Bruxelas, no entanto, a implementação da canoagem é discreta: não há lagos e o rio Senne, que atravessa a cidade, foi há muito “enterrado” em galerias e túneis debaixo dos pés da cidade, de modo que o grosso do seu curso é subterrâneo. Resta, não obstante, o canal – o mal-amado canal. Longe de ser visto como uma jóia da cidade, tem no entanto sido objecto de algumas intervenções destinadas a espevitar a relação que os bruxelenses com ele têm. Inicialmente conotado com uma zona essencialmente industrial e algo hostil à fruição ou ao lazer, o canal tem progressivamente vindo a ganhar algum glamour, muito mercê das intervenções que temperam com arte urbana contemporânea os espaços envolventes. Neste contexto de fruição do canal consta a canoagem. A escola de canoagem da cidade oferece aulas de canoagem nos meses de Setembro a Novembro e depois de Março a Junho: o clima frio e os dias curtos não perdoam, pelo que há que aproveitar os meses com mais luz e evitar os dias gélidos. Os Jogos Olímpicos contaram com a presença de três canoístas belgas, mas nenhuma medalha.
Já Coimbra oferece um privilégio a quem mora na região centro, mesmo à mão de semear, e disponível o ano todo, exceptuados os períodos de cheia. A descida do rio Mondego em kayak proporciona uma magnífica oportunidade de contacto com a canoagem: a paisagem, a tranquilidade das águas e os pousos (para quem quiser… ou precisar) oferecidos pelas muitas praias e prainhas ao longo do percurso tornam merecidíssima cada pagaiada. Não é só lazer, é um verdadeiro prazer. Para os que levam a canoagem além do mero lazer, há, mesmo aqui ao lado, o Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho. Não é apenas um local com boas condições, é um local de excelência, reconhecido como tal internacionalmente. Não por acaso, foi ali que na passada semana teve lugar o Campeonato Universitário Mundial de Canoagem. Os nossos estudantes canoístas mostraram uma excelência que rivaliza com a do local: com uma participação digníssima, a comitiva portuguesa alcançou 11 medalhas, incluindo seis de ouro, e fez história. No entretanto, não obstante a presença mais discreta do que o expectável nos Jogos Olímpicos, no Campeonato do Mundo de Velocidade disputado no Uzbequistão de 23 a 25 de Agosto, Portugal conquistou seis medalhas, duas delas de ouro – Messias Baptista é campeão do mundo nos 200 metros e a dupla Teresa Portela e Messias Baptista sagrou-se também campeã dos 200 metros.
O talento, dedicação e paixão dos atletas são elementos fundamentais para estar entre os melhores e chegar aos pódios de uma modalidade. Mas as boas infraestruturas são o empurrão que faz a diferença. Com condições magníficas para a canoagem, seja para amadores, seja para profissionais, a região centro pode bem começar a incluir a canoagem na sua imagem de marca.