Pedro Coimbra, deputado do Partido Socialista (PS) considera que os 100 dias de governação do Executivo da Aliança Democrática (AD) deixaram “marca negativa” pela ausência de diálogo “com os outros partidos” e sublinhou “a obrigação do Governo de dar continuidade ao trabalho que vem de trás”, bem como na apresentação “de soluções”, como a conclusão da A13.
“Foram abolidas as portagens na A13, por iniciativa do PS, no Parlamento. Mas, a A13 não está concluída. A A13 termina em Ceira, numa rotunda de frente a um pinhal. Compete a este Governo apresentar uma solução, para acabar a A13”, afirmou ao Campeão das Províncias o deputado socialista, eleito pelo círculo eleitoral de Coimbra.
No entender de Pedro Coimbra, a conclusão da A13 insere-se num “conjunto significativo de investimentos em diversas áreas” no distrito de Coimbra, que resultaram de “um trabalho desenvolvido pelos Governos do PS”.
“Este trabalho está em andamento e este Governo tem a obrigação de dar continuidade. É isto que se lhe exige: dar continuidade a este trabalho, porque são processos complexos, muitas vezes tecnicamente, com obras que demoram o seu tempo a executar”, afirmou.
Pedro Coimbra notou que, “nos últimos anos, foram dados passos importantes em algumas matérias regionais de referência”, como o Sistema de Mobilidade do Mondego, que tinha sido votado “ao abandono” antes dos Executivos de António Costa.
“Foi um Governo do PS que o pôs em execução. Hoje, é visível a execução. Espera-se que, dentro de pouco tempo, possamos ter o Sistema de Mobilidade do Mondego”, declarou.
O deputado socialista citou também “o exemplo da nova Maternidade de Coimbra”, frisando que “foi decidida a localização” e salientando que “o processo de execução está a ser elaborado”.
Na área da Saúde, Pedro Coimbra aludiu ainda à “realidade visível” que é o novo Centro de Saúde de Fernão de Magalhães e destacou também “os muitos importantes e significativos investimentos no IPO de Coimbra”, não só no que se refere a instalações como também a novos equipamentos.
Além de “um conjunto de outras infra-estruturas na Saúde que estão a ser requalificadas em todo o distrito” de Coimbra, o parlamentar assinalou “as obras de requalificação nas urgências do pólo central da Unidade Local de Saúde de Coimbra, nos Hospitais da Universidade”. “As novas urgências também são muito importantes na resposta ao cidadão”, acrescentou.
Requalificação do IP3 e IP6
Reiterando que “o Governo do PS resolveu um conjunto de problemas que compete” a este Executivo “não deixar cair”, Pedro Coimbra referiu-se igualmente ao “lançamento da requalificação do IP3”.
“Há um troço requalificado e onde também já foi adjudicado projecto de execução para a requalificação do restante traçado do IP3”, explicou, aduzindo também a “adjudicação do projecto de execução que levará à construção e à conclusão do IP6”.
O deputado do PS fez menção também à intervenção do anterior Governo, quanto à “obra de aprofundamento do canal do porto da Figueira da Foz, que tão importante é para a competitividade desse porto, estratégico para a região”.
Na área da Justiça, Pedro Coimbra, que recordou estar o novo Palácio da Justiça de Coimbra “no plano plurianual de investimentos do Ministério da Justiça”, aprovado pelo anterior Governo do PS, relevou que o actual Executivo não pode agora “andar para trás”.
“Este Governo tem de resolver o problema do Palácio da Justiça de Coimbra”, disse, lembrando também que as intervenções nesta área não se circunscreveram à cidade: “Também avançaram as novas instalações para a Polícia Judiciária em Coimbra e as requalificações das obras de manutenção dos Tribunais de Cantanhede, Montemor-o-Velho e Figueira da Foz”.
Pedro Coimbra considerou que todos estes investimentos devem ter “continuidade” e observou que “este Governo tem de continuar a criar condições para se possam resolver estes problemas, porque são muito importantes”.
A obrigação de diálogo
O deputado Pedro Coimbra reconheceu que “o Governo tem tomado algumas medidas”, mas assinalou que, “em boa verdade”, tal foi possível “pelo trabalho desenvolvido” no ciclo de governação do PS e “pelas boas contas públicas” que foram deixadas.
O balanço deste período inicial do Governo da AD “caracteriza-se por duas questões essenciais, muito diferentes”, na opinião do deputado eleito na lista do PS que concorreu no círculo eleitoral de Coimbra.
“Por um lado, o Governo tem mostrado uma impensável arrogância naquilo que é a sua obrigação de diálogo com os outros partidos, nomeadamente com o maior partido na Assembleia da República, que é o PS, na procura de consenso alargados. Trata-se de um Governo com uma pequeníssima minoria, é preciso ter isso em conta”, começou por dizer.
Ao acentuar “a pequeníssima minoria” do Governo em funções há pouco mais de 100 dias, Pedro Coimbra sustentou que tal “exige um enormíssimo diálogo, e esse diálogo não tem existido, porque o Governo tem fugido a ele”, o que, reforçou, “é mau para o país”.
Por essa razão, “compete ao Governo procurar esse diálogo e compete encontrar soluções de governabilidade para o país”.
Quanto às medidas tomadas pelo Executivo de Luís Montenegro, Pedro Coimbra reafirmou que as “decisões tiveram por base trabalho que vem de trás”. “Saliento duas, que são importantes e estratégicas para o país: por um lado, a decisão da localização do novo aeroporto de Lisboa. Isso só foi possível porque os Governos anteriores fizeram um trabalho decisivo para que assim fosse, nomeadamente, saliento, o trabalho da Comissão Técnica Independente, que permitiu criar condições, para que houvesse uma decisão. Nos primeiros dias deste Governo foi tomada uma decisão, e bem, com base no trabalho que foi desenvolvido por governos anteriores. Outro exemplo é a linha de alta velocidade. Ficámos a saber agora, há pouquíssimos dias, que a Comissão Europeia aprovou um financiamento para a linha de alta velocidade de mais de 800 milhões de euros. Ora, foi ainda o Governo do PS que apresentou a candidatura da linha de alta velocidade aos fundos europeus”, vincou Pedro Coimbra.
Para que fosse possível obter o financiamento, “foi necessário desenvolver um longo trabalho, difícil e complexo, e isso permitiu a candidatura aos fundos comunitários e permitiu já lançar o primeiro concurso para a primeira fase da obra, entre Porto e Oiã, e vai ser lançado agora o concurso entre Oiã e Soure”
“Finalmente, a linha de alta velocidade começa a ter um horizonte e isso é um trabalho assinalável que vem de trás e que este Governo deu continuidade”, afirmou o deputado, acrescentando: “Mas também podia dizer que o acordo que foi alcançado com os professores, as forças de segurança, os guardas prisionais e os oficiais de justiça são marcas deste Governo, mas que só foi possível com as contas públicas rigorosas que os Governos do PS deixaram”.
A três meses do OE
A três meses da apresentação do Orçamento de Estado (OE), no Parlamento, Pedro Coimbra não teceu comentários quanto ao desenho do documento de linhas orientadoras para 2025 e referiu que “o PS não assume” nesta altura qualquer sentido de voto.
“O que assume o PS é que está disponível para dialogar, está disponível para construir soluções, está disponível para melhorar o orçamento, está disponível para resolver os problemas concretos do país”, sustentou.
Reafirmando que o PS não pode assumir qualquer posição quanto ao OE, o deputado socialista ressalvou que se está “numa fase de construção e diálogo”.
“É isso que se pretende e, portanto, estaremos disponíveis para tudo, em função como este diálogo evoluir e daquilo que vir a ser o documento do OE”, concluiu.
Ana Clara e João Paulino (Jornalistas do “Campeão” em Lisboa)
Publicado na edição em papel do Campeão das Províncias de 1 de Agosto de 2024