Coimbra  15 de Setembro de 2024 | Director: Lino Vinhal

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Deputado do Chega por Coimbra: “Governo quer provocar eleições”

3 de Agosto 2024 Jornal Campeão: Deputado do Chega por Coimbra: “Governo quer provocar eleições”

Na sequência dos trabalhos que temos publicado no Campeão das Províncias sobre a avaliação aos 100 dias do Governo de Luís Montenegro, falámos com António Pinto Pereira, deputado do Chega eleito pelo distrito de Coimbra.

Para o parlamentar, o Governo da Aliança Democrática (AD) “está a tentar tomar medidas simples, para não dizerem que nada fazem, mas sem profundidade”. “São operações de cosmética, mais do que uma verdadeira vontade de mudança efectiva. Nos

primeiros 60 dias prometeram negociar e resolver os problemas dos primeiros sectores reivindicativos, mas tudo ficou na mesma até agora: polícias, militares, bombeiros, professores, tribunais, etc.”, recorda.

Sobre os vários pacotes sectoriais anunciados em diversas áreas – saúde, habitação, combate à corrupção, imigração, juventude, economia – António Pinto Pereira refere que até agora “nada de impacto foi feito” porque “este Governo quer provocar eleições antecipadas à espera de repetir os resultados de 1985 com Cavaco Silva. Como se sente um Governo a prazo, não faz nada de fundo”. “A saúde, a habitação, o combate à corrupção e à imigração, as políticas de juventude, nada. Vão dando a aparência que fazem coisas para ganhar a confiança dos portugueses, mas é só fachada”, frisa o parlamentar.

Além disso, realça que em termos ideológicos, o Governo de Luís Montenegro “não difere das políticas socialistas de António Costa. São iguais. O que foi muito claro no apoio que a AD deu ao PS para a eleição de Costa ao Conselho Europeu. A maior traição de sempre ao honroso legado de Francisco de Sá Carneiro. Daí que a saúde continue um caos. Pior do que isso, até estão a fechar mais urgências, como aconteceu, tristemente com o Hospital dos Covões. A imigração continua descontrolada e cada dia se encontram mais indo asiáticos nas ruas, com o apoio que Montenegro lhes dá, que é igual ao de Costa”.

Para o deputado, “a maior vergonha em termos de promessas foi a construção prometida por todas as forças políticas do Palácio de Justiça que Coimbra quer e precisa de ter há 50 anos. E a ministra da Justiça, candidata por Coimbra pelo PSD, mal foi eleita, disse logo que não tinha verbas. Uma vergonha”.

António Pinto Pereira acredita que “os portugueses continuam a sentir que estão a ser ‘cozinhados em lume brando’. Colocaram os seus votos à direita. Pensaram que iriam ter um Governo de estabilidade à direita, eventualmente com uma coligação de união entre o PSD e o Chega, a IL e o CDS, e trocaram-lhes as voltas. Em vez de um País com rumo e crescimento económico, o que estão a ter é de novo um lugar sem esperança e sem futuro. Por isso, os nossos jovens continuam a fugir para o estrangeiro”.

Por tudo isto, o deputado do Chega considera que vão ser “muitas” as dificuldades no Parlamento para avançar com muitas destas medidas. Sublinha que o PS “está a fazer um jogo falso, como lhes é característico, para empalearem – é a expressão – o PSD, até lhes cortarem as pernas quando chegar a aprovação do próximo Orçamento. O Chega faz o seu trabalho. Continuamos a dar apoio às medidas que beneficiam os portugueses e que estão no nosso programa eleitoral, como a redução dos impostos ou a extinção dos pagamentos nas SCUT´s, independentemente do partido de onde partem”.

Coimbra: “ainda nada de substancial avançou”

E como serão os próximos meses, até à entrega (Outubro) do Orçamento do Estado (OE/2025)? Para Pinto Pereira, estes “vão ser meses de enorme tensão e, muito sinceramente, tudo é possível acontecer. Principalmente porque o Presidente da República andou mais entretido a fazer as suas habituais diatribes do que a unir a direita em função da estabilidade e do crescimento que o nosso País precisa”. Pela parte do Chega, afiança, “podem contar com o apoio à estabilidade. Embora eu duvide que o PS o queira fazer. Montenegro, se não optasse por ser um político infantil e inconsequente, faria negociações à esquerda e à direita. Mas é demasiado arrogante e prepotente para isso. Prefere deitar tudo a perder para depois se fazer de vítima”, critica.

Sobre a região de Coimbra, em concreto, o deputado do Chega realça que até ao momento ainda nada de substancial avançou. E questiona: “o que fez o Governo? Fechou as urgências do Hospital dos Covões. Não conseguiram sequer ir em frente com o Palácio da Justiça que o PS e PSD andam a prometer há 50 anos. Até a urgência do Hospital de Cantanhede só conseguiu avançar por causa do impulso que o Chega deu, senão nada faziam. Uma vergonha de governação. Em tudo iguais aos socialistas”.

Advogado de profissão, e questionado sobre o pacote de medidas anticorrupção anunciado recentemente, António Pinto Pereira afirma que até agora “nenhum Governo, do PS ao PSD, quis até hoje mexer na Justiça. Pelo contrário, o que têm feito os partidos do sistema é atacar o Ministério Público, a Procuradora-Geral da República e as polícias que se dedicam à investigação criminal, como é o caso da PSP e da GNR. Não nos podemos esquecer que foi a PSP que fez a investigação criminal que levou à queda do Governo de António Costa. E isso incomoda o sistema e os políticos que gostam de usar o poder em seu proveito próprio e dos seus amigos e dos seus partidos e das negociatas do costume. Incomodam-se muito que a justiça atinja os poderosos. Por isso nada vai mudar”.

 As preocupações do Chega em Coimbra

 Cabeça-de-lista do Chega pelo círculo de Coimbra nas eleições legislativas de 10 de Março deste ano, António Pinto Pereira, numa entrevista ao “Campeão das Províncias”, em Fevereiro, elegia as grandes prioridades para o distrito: criação de emprego; dinamização industrial; melhorar o acesso à saúde do interior do distrito; terminar o IC6 para aproximar mais os concelhos do interior da cidade de Coimbra; implementação urgente de apoio aos concelhos mais periféricos para ajudar as populações que mais estão a sofrer com o envelhecimento; devido ao problema da pirâmide etária da cidade/distrito, elaboração de um projecto social para criar uma resposta rápida ao problema do envelhecimento; solução para o problema da erosão costeira; projecto para melhoria e dinamização económica da floresta, sendo o distrito um ‘pulmão de Portugal’ “devemos actuar sobre este importante aspecto na sustentabilidade ecológica”; solução urgente para o IP3; apoio para a candidatura de elevação do parque arqueológico de Conímbriga a património da Unesco. Quanto à cidade de Coimbra destacava os seguintes pontos específicos: a questão da habitação é urgente; apoio e melhoria das condições dos estudantes; plano estratégico na saúde e início de um estudo para um novo centro hospitalar; reabitação e maximização da capacidade do Hospital dos Covões; estratégia para referenciação de Coimbra como capital do ensino; plano estratégico para o envolvimento da UC com a economia, para dinamização e promoção do tecido industrial da cidade.

Entrevista: Ana Clara (Jornalista do “Campeão” em Lisboa)

Publicada na edição em papel do Campeão das Províncias de 1 de Agosto de 2024