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Investigadores da UC descobrem pinturas do pós-paleolítico em Vale do Côa

31 de Julho 2024 Jornal Campeão: Investigadores da UC descobrem pinturas do pós-paleolítico em Vale do Côa

Um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) descobriu no Vale do Côa, no distrito da Guarda, uma rocha onde constam pinturas da pré-história pós-paleolítica. A informação foi avançada, terça-feira, pela presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho.

De acordo com a responsável, “trata-se de uma rocha pintada com alguma espectacularidade iconográfica na vertente sobre o Côa, juntando-se a algumas das mais icónicas rochas gravadas do Paleolítico Superior do Vale do Côa. Trata-se de um novo conjunto, desta feita pintado, com motivos que se enquadram nos milénios da pré-história pós-paleolítica”.

O que distingue este conjunto dos demais já encontrados é o facto de ser a primeira vez que algo deste género é encontrado naquela região. “São pequenos núcleos de pintura (…) associados à chamada arte levantina. Esta nova descoberta é fundamental para o Parque Arqueológico do Vale do Côa, porque denota a presença humana, que foi sucessivamente gravando ao longo de um largo período da pré-história [testemunhos] fundamentais para reforçar os círculos artísticos neste território”, adianta Aida Carvalho. A arte levantina destaca-se pela pintura baseada na figura humana e na sua representação, muitas vezes com alusão à natureza e à vida quotidiana.

Após a descoberta, os investigadores da UC vão, agora, trabalhar na datação exata das pinturas, e no processo de verificação dos motivos representados, de modo a que, o mais brevemente possível, sejam apresentados estudos sobre esta questão. Para a presidente da Fundação Côa Parque, esta nova rocha poderá contribuir para aumentar as visitas ao parque arqueológico no futuro. “Este será um motivo para a revisitação à Arte do Côa”, sublinha.

Recorde-se que a Arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Até ao momento, eram conhecidas rochas picotadas representado motivos da fauna daquele território de há cerca de 25 a 30 mil anos, nomeadamente, o auroques (boi selvagem), cavalos, cabras e cervas.

Cátia Barbosa (Jornalista do “Campeão” no Porto)

Foto: Arquivo Museu Vale do Côa