Coimbra  30 de Abril de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

Câmara de Coimbra aprova novo acordo de gestão do Estádio para a Académica/OAF

25 de Julho 2024 Jornal Campeão: Câmara de Coimbra aprova novo acordo de gestão do Estádio para a Académica/OAF

A Câmara de Coimbra aprovou um novo acordo de gestão do Estádio Cidade de Coimbra com a Académica/OAF, numa reunião que tinha sido adiada para se poder chegar a um entendimento com o clube de futebol.

O novo acordo de gestão do Estádio Cidade de Coimbra, cujo processo teve várias trocas de críticas entre Município e clube, foi aprovado esta quinta-feira, já depois das 00h00, por unanimidade, numa continuação da reunião camarária que tinha sido suspensa na segunda-feira, na esperança de as duas partes chegarem a um entendimento.

O contrato, que devolve algum poder de decisão à autarquia e a possibilidade de outros clubes poderem usar um Estádio que é propriedade do Município, terá agora de ser votado em Assembleia Municipal, que deverá ocorrer no início da próxima semana.

No final da votação, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, apelou ainda para que a Assembleia Geral de sócios da Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF) possa decorrer ainda este mês para não criar “um hiato jurídico” (o actual acordo, que durou durante 20 anos, termina na próxima semana).

O novo acordo prevê que a Académica/OAF deixe de poder utilizar o Estádio Cidade de Coimbra para organizar outros eventos que não desportivos (em 2023, foi o clube de futebol que recebeu 300 mil euros para se poderem realizar os concertos dos Coldplay) e determina que parte das receitas das rendas dos espaços explorados no Estádio (em 2022/2023 arrecadou mais de 300 mil euros) seja aplicado na manutenção e conservação daquele equipamento.

O remanescente poderá ser aplicado no futebol de formação e na constituição de uma equipa de futebol feminino (não profissional) por parte da AAC/OAF.

O programa de desenvolvimento desportivo associado ao contrato prevê que a receita com as rendas dos espaços comerciais do Estádio possa atingir os 575 mil euros em 2028, prevendo gastar cerca de 360 mil euros por época em manutenção e conservação.

O clube considera ainda que a formação e futebol feminino representem 25% das despesas previstas para a época 2024/2025 (275 mil euros).

Na reunião de Câmara também marcaram presença alguns adeptos da Briosa.

A vereadora do PS Regina Bento considerou que todo o processo “foi uma grande trapalhada que não dignificou as instituições” e vincou que a Académica “é uma das maiores bandeiras da cidade”, justificando o voto favorável para não obstaculizar uma solução entre as partes.

O vereador da CDU, Francisco Queirós, realçou que a autarquia deve “tudo fazer para apoiar o movimento associativo e desportivo” do concelho, mas recordou que o Estádio, tal como o nome indica, é “da cidade de Coimbra”, municipal e não de um clube.

Já o presidente da Câmara de Coimbra aclarou que “a cedência do Estádio desportivo nunca foi uma questão”, mas sim “a parte comercial do Estádio”, referindo que a última renovação do anterior contrato, há cinco anos, já não estava de acordo com a lei, ao permitir o financiamento de um clube de futebol profissional por parte de uma autarquia.

No plano de recuperação da AAC-OAF, no âmbito do seu processo de insolvência, o clube de futebol faz referência às receitas com a gestão do Estádio Cidade de Coimbra como ganhos suplementares que entram nas contas do clube.

A agência Lusa questionou a Académica se uma desafectação de parte das receitas previstas no plano de recuperação com o Estádio Cidade de Coimbra poderia pôr em causa esse mesmo plano mas não recebeu qualquer resposta do clube.

Num comunicado divulgado na quarta-feira, a AAC-OAF criticava a posição da Câmara Municipal, alegando ainda que o clube “sempre” procedeu “à manutenção e conservação” daquele equipamento.

No entanto, em Março de 2023, o presidente do clube, Miguel Ribeiro, afirmava, a propósito do investimento em obras no Estádio por parte da promotora responsável pelos concertos dos Coldplay na cidade, que não era feita “manutenção” do equipamento “há cerca de seis anos”.