Com vista a produzir produtos que são exportados para Portugal, o nível de consumo dos portugueses pode destruir, anualmente, 2.700 hectares de floresta em várias regiões do mundo. Os dados constam de um estudo divulgado por quatro associações: Zero e ANP/WWF, DECO, e TROCA – Plataforma para um Comércio Internacional Justo.
Na sua análise, as associações citam a Comissão Europeia, que revela que as importações para o consumo na União Europeia (UE) contribuem para “cerca de 10% da desflorestação mundial, que está estimada em mais de dois mil milhões de hectares por ano”. Nesse sentido, isto “poderá contribuir para a destruição de cerca de 248 mil hectares de florestas por ano, até 2030”.
De acordo com os cálculos das associações, o risco de desflorestação associada ao consumo português “é superior a 2.700 hectares anuais, a maior parte associado às importações com origem no Brasil (35%)”. Assim, o estudo indica que as importações portuguesas podem resultar em 950 hectares de desflorestação, por ano, no Brasil. O café será a maior mercadoria de risco. “Cada português poderá estar a contribuir, anualmente, para mais de 60 hectares de desflorestação pelo consumo de café, estando Portugal entre os cinco países com maior exposição per capita”, lê-se no documento.
Nesse sentido, as associações alertam para o facto de o Regulamento Europeu para Produtos Livres de Desflorestação (EUDR), que entrou em vigor em 2023, passar a ter regras “mais apertadas” e cadeias de abastecimento “mais transparentes” no próximo ano. Apelam ainda a que os países não adiem a aplicação desta acção. “Apoiar a implementação imediata do EUDR é crucial para proteger ecossistemas vulneráveis, promover práticas comerciais sustentáveis e fortalecer a cadeia de abastecimento global”, frisam.
Cátia Barbosa (Jornalista do “Campeão” no Porto)