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Encontro dos Povos da Serra da Lousã evoca Louzã Henriques

12 de Julho 2024 Jornal Campeão: Encontro dos Povos da Serra da Lousã evoca Louzã Henriques

Academia com Vida e concertinas animam Santo António da Neve, sábado, no Encontro dos Povos da Serra da Lousã, onde são evocados os presos políticos de 1949 e os 90 anos do nascimento de Louzã Henriques.

Os 75 anos da prisão de dezena e meia de cidadãos da Castanheira de Pera e da Lousã, maioritariamente operários têxteis, e os 90 anos do nascimento do psiquiatra e etnólogo Louzã Henriques vão ser assinalados, no sábado, dia 13, no âmbito do 28.º Encontro dos Povos da Serra da Lousã. Entre outras actividades, o programa do Encontro, no Santo António da Neve, do nascer ao pôr-do-sol, conta com a participação de tocadores da região e da Academia com Vida – Lousã (da Academia de Música de Coimbra), dirigida pelo compositor lousanense João Francisco.

A 28.ª edição do Encontro dos Povos da Serra da Lousã inclui, às 10h30, uma homenagem aos presos políticos de 1949, assinalando os 75 anos dos acontecimentos e os 50 do 25 de Abril, na qual intervém José Ricardo de Almeida, da Lousã, a que se seguem testemunhos de amigos, familiares e conterrâneos das vítimas, como Ana Kalidás, Palmira Olivença e Jorge David, entre outros, da Castanheira de Pera.

A dinamização do momento cívico cabe ao jornalista Casimiro Simões, presidente da Direcção da Cooperativa Trevim, que está na organização da iniciativa desde a primeira hora, em 1997.

A evocação do médico antifascista Manuel Louzã Henriques (1933-2019), nascido há 90 anos no Coentral, concelho da Castanheira, está a cargo da poetisa Filomena Martins, da Lousã, presidente da Assembleia-Geral da Associação São Lourenço, com sede na Silveira de Baixo, uma das entidades que promovem as diferentes realizações.

Em 1949, no rescaldo da II Guerra Mundial, a PIDE prendeu cerca de 15 cidadãos da área da Serra da Lousã, aos quais o sindicalista Kalidás Barreto dedicou o livro “Presos políticos de Castanheira de Pera”, em 2009.

Estes homens, na sua maioria, eram operários têxteis desse concelho, presos pela polícia política de Salazar por diferentes envolvimentos na oposição ao regime fascista. Mas três eram da Lousã e haveria ainda, pelo menos, um da Pampilhosa da Serra e um de Tentúgal, Montemor-o-Velho.

O lousanense Fernando Rosa Neto foi punido com a pena mais pesada do grupo, 20 meses de prisão correccional, enquanto os seus conterrâneos José Rodrigues e Jorge dos Santos Babo foram absolvidos.

A segunda pena mais severa, 18 meses de prisão correccional, foi aplicada ao tecelão castanheirense Inácio Alves Lameiras, conhecido pela alcunha “Carioca”.

Os acontecimentos remontam ao tempo em que o responsável do PCP na região era o revolucionário Agostinho Saboga, que participara no IV Congresso deste partido, realizado clandestinamente na Lousã, em 1946.

Celebrar a liberdade, a boa vizinhança, a paz e a Serra da Lousã enquanto elemento essencial da identidade multimunicipal são alguns dos objectivos do Encontro, que abrange ainda jogos tradicionais, exposição de livros, concertinas, baile à moda antiga e cantares ao desafio.

Lousã, Góis, Miranda do Corvo, Castanheira, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande são os municípios que participam desde a primeira edição.

Desta vez, o Encontro dos Povos da Serra é organizado pelos jornais Trevim e Mirante, Lousitânea, Arte-Via, Associação São Lourenço, Liga de Amigos do Museu Louzã Henriques, Villa Isaura e Grémio União Perense, com colaborações da Câmara e dos Bombeiros da Castanheira, GNR e Junta de Freguesia de Castanheira de Pera e Coentral.