“Estamos a pagar salários com património”
No passado sábado, a Igreja da Misericórdia de Buarcos recebeu pela primeira vez a reunião do conselho distrital de Coimbra da União das Misericórdias Portuguesas, para fazerem o ponto da situação e das enormes dificuldades por que estão a passar estas Instituições de solidariedade social.
António Sérgio Martins, presidente deste órgão, não esconde a sua inquietação, lamentando que o Estado nunca mais atinja os 50% nas comparticipações e, com os valores atuais “estão a empurrar-nos para o precipício”.
Foi uma reunião pacifica, com várias intervenções todas na defesa dos interesses destas instituições e na melhoria da qualidade de serviços aos utentes. José Serra, provedor de Gois, não compreende a ausência de um representante da UMP nestas reuniões para prestar os esclarecimentos necessários e já desenvolvidos junto do
governo, como a falta de outros representantes de misericórdias do distrito, porque “as dores de uns, são as dores de todos” concluiu.
Nuno Gomes, em representação da Misericórdia de Arganil, pôs o dedo na ferida e sem papas na língua, começou por falar nas misericórdias faltosas “tiveram vergonha de vir pelo saldo negativo que apresentaram nas contas”, explicando que as mesmas são do conhecimento de todos, que “há misericórdias com quase meio milhão de euros de prejuízo”, onde as questões salariais são as maiores dificuldades das instituições até porque, uma boa parte delas, “estão a pagar salários com património”.
Nuno Gomes que é um dirigente que domina a legislação no que diz respeito a instituições de solidariedade social, tem sido um extraordinário apoio na colaboração a outras misericórdias para ultrapassar burocracias impostas pela
tutela e outras entidades. Justificou, por outro lado, “que as misericórdias não têm folga salarial” e por isso não podem negociar com os sindicatos enquanto não for fechada a negociação com o governo.
A encerrar foi aprovado por unanimidade um voto de apoio ao Conselho Distrital de Coimbra para prosseguir o caminho traçado “Somos todos Misericórdia”, pela imagem justa e transparente na defesa das Misericórdias.
Deixaram também um agradecimento amigo e fraterno a Carlos Abreu, provedor da Misericórdia de Buarcos, pela forma cordial e simpática como acolheu esta reunião.