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Adelino Gonçalves

BRT Coimbra: um metro de falhas nos projectos ou nas obras?

13 de Junho 2024

Ex.mo Senhor Presidente da Metro Mondego, Eng.º João Marrana,

As obras em curso relativas à instalação do BRT em Coimbra são, como é natural, baseadas em projectos que foram objecto de discussão pública. Destes projectos, a Metro Mondego tem disponível no seu site algumas peças desenhadas genéricas, mas que permitem antever as características principais dos espaços urbanos que estão a ser intervencionados.

Pois bem, no troço da Rua General Humberto Delgado entre a Rua D. João III e a rotunda com a Rua Carolina Michaelis, que recentemente reabriu ao trânsito automóvel porque a obra está parcialmente concluída, é possível constatar que não há correspondência com o projecto, tal como se pode ver no outdoor instalado naquela rotunda e nas peças desenhadas disponíveis no site da Metro Mondego.

De facto, de acordo com o projecto, o passeio ao longo do muro da Escola Superior de Educação devia ter de futuro uma cortina de árvores. Porém, não foi executada qualquer caldeira.

Questionei-o a si e à Senhora Vereadora Ana Bastos a este respeito no final de Maio, mas apenas ela teve a gentileza de responder, informando-me que, de facto, o projecto foi revisto e que as alterações foram levadas a reunião de Câmara e aprovadas por unanimidade.

Pois bem, são os motivos que terão levado à introdução de alterações ao projecto, que me fazem dirigir-me a si deste modo, pois interessam a todos os cidadãos. Esses motivos, tal como constam na notícia de 28 de Novembro de 2023 a respeito desta situação, disponível no site da Câmara Municipal de Coimbra, são o facto de o projecto prever “…a plantação de árvores em pleno passeio [ao longo do muro da Escola Superior de Educação] afectando a largura útil atribuída à circulação pedonal […], apesar de o passeio reduzir dos actuais 5,0m para 2,4m, pondo mesmo em causa o cumprimento da Largura mínima útil imposta pelo Regime das acessibilidades (Dec-Lei n.º 163/06 de 8 de Agosto).”

Tendo em conta esta informação, nada me impede, a mim ou a qualquer outro cidadão, de pensar que qualquer projecto da IP para a implementação do novo sistema de mobilidade em Coimbra pode conter erros de tal ordem que obriguem à sua alteração. Se tal acontecer, não deveriam todos os projectos alterados ser sujeitos novamente a discussão pública? Isto aconteceu no caso em apreço? Aconteceu no caso da Praça 25 de Abril? Não deviam ter sido em ambos os casos?

Além disso, não acha que a divulgação dos projectos – tanto no site da Metro Mondego, como nos outdoors – devia ser rápida e inteiramente revista, sob risco de comprometer a confiança dos cidadãos no processo de implementação do novo sistema de mobilidade em Coimbra?

A actualização desta informação apenas depende do valor que todas entidades envolvidas neste processo dão à transparência e ao rigor na comunicação com os cidadãos, sobretudo a Metro Mondego e Câmara Municipal de Coimbra.

Acredito que posso dizer em nome de muitos cidadãos que seria bom que o Eng.º João Marrana, enquanto Presidente da Metro Mondego, se pronunciasse publicamente sobre as questões que lhe dirijo.

(*)Professor Auxiliar – Departamento de Arquitectura – FCTUC