O presidente da Câmara de Coimbra, que recordou que a cidade já foi romana e árabe, apelou à rejeição de “todas as desumanidades, insensibilidades e xenofobismos”, num país que é uma “salada genética” multicultural.
“Todos temos o direito à realização, ao trabalho, à felicidade, ao respeito e à paz, e temos de rejeitar todas as desumanidades, insensibilidades e xenofobismos”, afirmou José Manuel Silva, que discursava, esta segunda-feira, na cerimónia de arranque das comemorações do quinto centenário do nascimento de Camões, iniciativa em Coimbra que integra o programa oficial do 10 de Junho.
Para o autarca, hoje é “um dia em que devemos recordar que os portugueses resultam de uma curiosa receita genética”, entre celtas, iberos, lusitanos, judeus, berberes, árabes e africanos, entre outros, sendo fundamental reafirmar-se “que só há uma raça humana”.
Na sua intervenção, o presidente da Câmara de Coimbra recordou a “salada genética multicultural” que caracteriza os portugueses, dando nota disso mesmo na própria cidade, “romana Aeminium e a árabe Qulumbriya”.
“É através da língua que transmitimos a nossa história, as nossas tradições e a nossa visão de um mundo para todos e para todas, sem exclusões”, vincou.
José Manuel Silva considerou que o 10 de Junho é “um momento de aceitação tranquila” do passado do país, mas também de “análise crítica e exigente” do presente e de reflexão “perseverante e escrupulosa” sobre a construção de um futuro comum.
Abordando o presente, o autarca aproveitou o momento para defender que a “coesão nacional tem de ser uma estratégia política concreta e devidamente financiada, não apenas o nome de um ministério”.
Durante o seu discurso, numa plateia onde estavam presentes o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, José Manuel Silva reafirmou a vontade de resolver problemas que “têm preocupado” Coimbra, como a manutenção do Tribunal Administrativo e Fiscal, a deslocalização da prisão, a reposição da carreira de agente único dos Transportes Urbanos, ou a construção de uma escola de artes e de um grande centro de arte contemporânea, entre outros.