Foi com surpresa que li há dias a notícia de que acabava de ser criado em Coimbra um grupo designado por Questão Coimbrã.
Surpresa que decorre do facto de há muito tempo existir em Coimbra o Grupo de Reflexão e Intervenção “Questão Coimbrã”. Foi criado, por minha iniciativa, no dia 24 de Julho de 1996, numa reunião realizada na Quinta das Lágrimas.
Deliberadamente muito heterogéneo na sua composição, em termos ideológicos, profissionais, etários. Mas invulgarmente homogéneo na essência do que convocou essas dezenas de homens e mulheres: o amor por Coimbra, o desejo de contribuir, desinteressadamente, discretamente, para o progresso da cidade, mas também da Região Centro e do próprio País.
Ao longo de quase três décadas, reunimos regularmente e temos vindo a promover grande número de iniciativas muito diversas.
Lançámos a designação de “Coimbra, Cidade da Saúde”, que até hoje prevalece em termos nacionais e até internacionais. Ainda na área da saúde, organizámos grandes exposições e feiras (Expovitas), criámos empresas, uma Agência de Desenvolvimento Regional (congregando universidades e autarquias de Coimbra, de Aveiro e de Leiria). Tivemos um papel activo e decisivo na criação do Coimbra i-Parque; e também na elaboração de um aprofundado estudo, objecto de concurso internacional, sobre as potencialidades de Coimbra.
Logo no início do século XXI, criámos equipas visando estimular as candidaturas a Capital Europeia da Cultura e a Património da Humanidade.
Tomámos posições públicas quando tal se justificava, como foi o caso de um Manifesto Contra a Co-Incineração.
Apoiámos e participámos na criação de outras iniciativas de cidadania, como por exemplo, o “Conselho da Cidade”.
Ao vir tomar agora esta posição pública, faço-o, sobretudo, para honrar a memória de vários dos elementos o Grupo de Reflexão e Intervenção “Questão Coimbrã” que já não estão entre nós, mas que nos legaram o seu exemplo. Entre eles Agostinho Almeida Santos, Rui Alarcão, Santana Maia, Barbosa de Melo, Veiga Simão, Manuel Pereira, Francisco Lucas Pires, Santos Cardoso, Maria Helena Carrington, Irene Santos.
Naturalmente que nada me move contra qualquer grupo que surja para reflectir sobre tudo o que a Coimbra diz respeito. Bem pelo contrário!
Mas creio que adoptarem a designação de “Questão Coimbrã”, a mesma de um grupo já existente, não teve nem bom senso, nem bom gosto…
(Fundador do Grupo de Reflexão e Intervenção “Questão Coimbrã”)