O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou hoje inadmissível o despedimento de 55 enfermeiros nas unidades locais de saúde de Coimbra (20) e Tâmega e Sousa (35), contratados ao abrigo do plano de resposta sazonal de Inverno.
Numa manifestação à entrada dos Hospitais da Universidade de Coimbra, pólo principal da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, cerca de 30 enfermeiros protestaram contra a situação, com faixas e cartazes, nos quais se liam frases como “Exigimos vínculos efectivos, não somos descartáveis” ou “Enfermeiros, Heróis de ontem – descartáveis de hoje”.
“Há um conjunto de actividades diárias [destes enfermeiros] que há de ser sobrecarregada em outros colegas, além dos milhares de horas extraordinárias que já hoje acontecem todos os dias e meses”, salientou aos jornalistas o dirigente regional do SEP, Paulo Anacleto.
A estrutura sindical exige um vínculo efectivo e com direitos, criticando a política de saúde da tutela de não renovar contrato, quando os profissionais em causa exercem actividades diárias e permanentes.
“A deficiência e carência estrutural de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS) são unanimemente reconhecidas, mas isso não basta. É necessário concretizar esse reconhecimento”, frisou Paulo Anacleto.
“Se são necessários, perguntamos ao Ministério da Saúde porque é que não há uma decisão política da sua manutenção”, questionou.
O dirigente sindical exigiu ainda que passem também a efectivos os enfermeiros com vínculo precário contratados a termo incerto ainda ao abrigo da pandemia de covid-19 e da campanha de vacinação, sobretudo nas unidades de cuidados de saúde primários.
O SEP reclamou também a admissão de 2.700 novos enfermeiros “no mais curto espaço de tempo”, como consta no Quadro de Referência Global aprovado para o SNS.
No protesto de hoje, marcaram também presença assistentes operacionais da ULS de Coimbra, que estão na mesma situação dos enfermeiros contratados ao abrigo do plano de resposta sazonal de Inverno e não viram os seus vínculos renovados.
“Com a falta de pessoal que existe, não se percebe como despedem estas pessoas, que tinham a sua vida organizada e a quem deram a esperança de que o contrato iria ser renovado”, disse Francelina Cruz, do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública.