A área mais devorada por esta enorme tragédia, económica, social e ambiental foi a do Pinhal Interior.
Sāo 22 concelhos,onde o pinhal, uma espécie florestal já amiga do fogo, foi substituído em larga escala, por uma outra espécie florestal que é uma bomba incendiária, que são os eucaliptos.
Após os incêndios de 2027,os milhares e milhares de hectares de eucaliptos ardidos sāo hoje bosques inacessíveis com mais de 4.000 troncos por hectare e como invasora ocupou novos territórios.
Nunca plantei um eucalipto, hoje vivo na minha velha e enorme casa com três pisos herdada da família, na zona do Pinhal Interior e a casa é aquecida, sempre a 24 graus centígrados, por uma pequena central de biomassa, construída fora da habitação, alimentada por troncos de eucaliptos que invadiram terras minhas.
Além de ser uma espécie florestal invasora, amicíssima do fogo, altamente consumidora de água e de esgotamento dos solos, é uma enorme violação do nosso ecossistema.
No Brasil, o maior produtor e grande exportador mundial de trituração de eucaliptos a que chamam pasta de papel, bem como acontece com todos os países da América Latina com clima tropical, onde o eucalipto é cortado aos 6 anos, com o mesmo volume lenhoso que em Portugal atinge aos 12 anos, com chuvas tropicais a apagarem os grandes incêndios.
O eucalipto no Pinhal Interior é uma espécie da campanha dos cereais no tempo de Salazar, dado não podermos concorrer economicamente na produção de pasta de papel com os países de clima tropical.
Em 2017 o meu concelho foi reduzido a cinzas em mais de 90 por cento da sua área.
Salvei os meus pomares e o parque da cidade, graças aos carvalhos e nas linhas de água de amieiros.
Foram os meus bombeiros voluntários, que mantiveram a maior zona verde do meu concelho.
Graças à inactividade política a tragédia de 2017 infelizmente vai repetir-se.
É só olhar para as profundas alterações climáticas que assolam o mundo.
(*) Fundador do PS