Decorreu em Coimbra no passado dia 25 de Abril a inauguração da “nova” e requalificada Praça 25 de Abril e a reabertura ao trânsito (rodoviário e pedonal) com a (parcial) conclusão do novo viaduto da Rua Manuel de Almeida e Sousa (Viaduto do Gorgulão), este com particular importância para a UF de Eiras e São Paulo de Frades.
Decorrido um mês, permanece ainda um conjunto de trabalhos por realizar no viaduto, realçando-se a ausência de sinalização horizontal (como a passadeira para peões) e vertical, bem como a instalação de abrigos destinados aos utentes dos SMTUC (cuja rotas aparentemente já foram retomadas, o que apreciamos, embora o percurso ainda não tenha sido actualizado na página de Internet dos SMTUC: Estrada de Eiras – Rua de Mira – Rua Manuel Almeida e Sousa).
Mais registamos a implementação da ciclovia na Estrada de Eiras (obras em curso). Dada a impossibilidade prática de a mesma ser em faixa de rodagem na totalidade da sua extensão é, entretanto, incongruente não se ter optado pela implementação num dos passeios apenas, ou por outra que resultasse em menor número de atravessamentos da via principal.
A justificação prestada pelo executivo da UF de Eiras e São Paulo de Frades (Assembleia Ordinária de 22.04.24) dia ter como objectivo reduzir a velocidade do ciclista, numa óptica de diminuir o risco de possíveis acidentes. O argumento parece-nos pouco convincente, bastando comparar a referida ciclovia com as demais ciclovias existentes em vários pontos da cidade. Ou serão estes trajectos futuramente alterados, com base no mesmo critério?
Assim, questionamos: qual é a data prevista para conclusão dos restantes trabalhos no viaduto do Gorgulão (os quais são de responsabilidade exclusiva do Município) e quais os motivos do seu atraso?
Os percursos dessas linhas do SMTUC estão definitivamente normalizados? Se sim, para quando a actualização da página de Internet dos SMTUC?
Quais os critérios pela opção adoptada no traçado da ciclovia da Estrada de Eiras? Terão idêntico impacto nos demais traçados existentes e futuros?
Parque Verde até ao Rebolim
O Parque Verde do Mondego, a grande obra de requalificação ambiental do rio Mondego, que criou em Coimbra uma nova forma de viver, moderna e precursora da visão ambientalista contemporânea, encontra-se claramente limitado na sua extensão pelo decurso do tempo, pela elevada procura dos cidadãos autóctones e turistas e pela não absorção das potencialidades inerentes ao combate às alterações climáticas.
O alargamento da área de intervenção anexa ao Parque Verde, já está previsto no projecto de Mercês Vieira e Camilo Cortesão, até à ponte Rainha Santa Isabel (margem direita e margem esquerda até à Lapa dos Esteios). Inclusivamente, face ao Portugal 2030, poderia haver intervenção urbanística até ao Rebolim.
Atento o PDM, pensa o Executivo criar uma área urbanística de lazer e aproveitamento das margens do Mondego até ao Rebolim (margem direita) e à Lapa dos Esteios (margem esquerda), esta já aqui por nós abordada em sessão de Câmara, fazendo as expropriações e o projecto de execução fundamental para a empreitada?
O Executivo contratou uma sociedade de advogados lisboeta para elaboração de parecer jurídico sobre condições de cedência de gestão do Estádio à AAC/OAF. O contrato, por ajuste directo, foi publicado no portal das contratações públicas, com a data de 20 de Maio e um prazo de execução de cinco dias, estando em causa a renovação do contrato de cedência à AAC/OAF, que caduca a 30 de Junho.
Mais uma vez, o Executivo privilegia empresas de Lisboa, em detrimento de Coimbra, que tanto apregoa pelas suas competências diversas.
Com estamos em período de Queima das Fitas, uma saudação e um louvor à Academia de Coimbra, que soube conciliar a garantia dos direitos estudantis de respeito à tradição sem passadismo, com o civismo demonstrado na realização da manifestação na Sé Velha acompanhado de canção de Coimbra, porque “há sempre alguém que resiste”.
Neste caso, resistiu à autocracia, à falta de transparência, à incapacidade de diálogo de quem, no secretismo de um parecer não tornado público, teve o Município por cúmplice.
Porque a memória não nos atraiçoa, o mesmo Município que na última passagem de ano fez uma festa revivalista (ou melhor populista e eleitoralista), no Largo da Sé Velha. Então, existiam condições de segurança (justifique a diferença), ou existiu compadrio entre autoridades, que são escrutináveis, porque já não estamos no tempo da ditadura?
(*) Médico e vereador do PS na Câmara de Coimbra