A nível mundial deve-se a Portugal a introdução da cultura do milho ao longo da costa oeste africana e na Índia. Paralelamente, os espanhóis introduziram-na no sul de França, Itália, Balcãs e norte de África (séc. XVI). Em 1575 a cultura chegou ao oeste da China e, como consequência, às Índias orientais, Filipinas e Japão (Bellido, 1991). Actualmente, de acordo com a FAO, a nível mundial o milho é o cereal que mais produz, seguindo-se o trigo e o arroz.
Esta informação consta da tese de mestrado de António Duarte, sobre o milho, orientada pelo eng.º Vasco Salgueiro, quadro técnico da Corteva Agriscience, onde se refere, também, que em Portugal deve-se a Cristóvão Colombo a introdução de tais grãos cor de ouro e em tal época semeados para vista nos jardins (Oliveira, 1984).
Lendo a mesma tese de mestrado fica-se a saber que, em Portugal, o milho foi semeada pela primeira vez nos campos de Coimbra, no primeiro quarto do séc. XVI, com a sua adaptação a ser perfeita, porque encontrou condições favoráveis à produção, fazendo os lavradores acreditar que depressa enriqueceriam devido as produções abundantes. Nos princípios do século seguinte o milho formava a base da alimentação de quase toda a população da Beira e entre o Minho e Douro, regiões que, por essa razão, viram a sua riqueza aumentar consideravelmente (Oliveira, 1984).
O milho tem grande importância quer na alimentação humana, quer na alimentação animal e, em Portugal, o milho é, normalmente, processado, tornando-se assim mais valorizado. Segundo a Pioneer (2012), o milho apresenta inúmeras finalidades: Na Europa 81% do milho produzido é utilizado em alimento composto, 9% no consumo humano e 10% na indústria química.
Como alimento processado (através da moenda seca) é comum a sua utilização em cereais de pequeno-almoço, para a elaboração de cerveja (os grits melhoram a sua qualidade), farinhas de milho (para o fabrico de pão, madalenas, alimento composto para animais, crepes, doces, aperitivos, assim como no acompanhamento de diversos alimentos nomeadamente carne, peixe e verduras).Também é utilizado em alimentos de baixo teor em calorias e alto teor em fibras como pão, sopas e em dietas de emagrecimento.
Através da moenda húmida é possível a fabricação de licor de milho, farinha de glúten, extrair amido que pode ter diversas aplicações (antibióticos, aspirinas, alimentos infantis, bebidas, sobremesas, sopas, xarope de glucose, ketchup, chicletes, leite condensado, sopas desidratadas). Também é possível retirar xarope de alto valor em frutose, maltodextrinas, dextrose, etanol (para o fabrico de bebidas alcoólicas e combustível para motores de explosão) e óleo de milho refinado (serve de excipiente para vitaminas, óleo para cozinha e maioneses).
Importante no Vale do Mondego
A cultura do milho tem um papel importante na viabilidade socio- económica da agricultura na região do Vale do Mondego, conforme refere o engº Vasco Salgueiro, que participou no seminário promovido pela Cooperativa Agrícola de Montemor-o- Velho.
Este técnico da Corteva Agriscience sustenta que, por um lado, pela sua boa adaptação do milho às condições edafo-climáticas da região no período Primavera-Verão, por outro, porque as infra-estruturas de rega e drenagem e disponibilidade de água permitem uma boa adequação a esta cultura de regadio.
“Esta importância do milho no vale do Mondego acontece, fundamentalmente, porque as explorações agrícolas dispõem de conhecimento, experiência, equipamentos de mecanização necessários, apoio técnico, prestação de serviços por empresas de especialidade e existe garantia de comercialização do produto”, refere.
Alguma rentabilidade económica faz com que a cultura do milho seja a mais praticada na região, com Vasco Salgueiro a acentuar que, “com a agricultura moderna e a globalização, torna-se imperativo para os agricultores a obtenção de maior rendimento das culturas, sendo necessário haver uma constante evolução das técnicas usadas na produção”.
NA ESCOLHA COMEÇA UMA BOA SEMENTEIRA
Para conseguir um maior potêncial produtivo devemos escolher híbridos com determinadas características: alto potencial produtivo, comprovado num elevado número de ensaios em distintos ambientes; ciclo ajustado à época de sementeira; vigor à nascença ajuda a ter uma perfeita densidade final de plantas homogéneas, permitindo sementeiras precoces com menos riscos; tolerância ao stress hídrico acima da média; tolerância a pragas e doenças.
Tomando como exemplo a Pioneer, eis os produtos de qualidade que estão à disposição:
MILHO WAXY
Utilizado para extracção de amidos
Variedades não GM
99% composto por amilopectina
Rendimento (kg/ha) semelhante à variedade original
Recomendado isolamento
MILHO BRANCO
Obtenção de farinha de milho para o fabrico de pão, broa, snack, etc
Carece de xantofilas e carotenos
Rendimento (kg/há) semelhante ao milho amarelo
Recomendado isolamento
MILHO AMARELO
Utilizado para a obtenção de farinhas e grits (diferentes tamanhos)
Fabrico de cereais (de pequeno almoço), cervejas, bolos, alimentos para bebés, etc
Grãos com alto peso específico e maior quantidade de endospermo duro.
São grãos de alto peso específico, com baixa percentagem de grãos partidos, têm uma secagem natural ou artificial a baixa tempetratiura (-60ºC), õptimos rendimentos no campo e baixo nível de toxinas (micotoxinas).
Luís Santos
Publicado na edição em papel do Campeão das Províncias de 23 de Maio de 2024