Na vastidão das planícies do Vale Mondego, a cultura do milho desponta como um elemento central na paisagem e economia da região de Coimbra. O Campeão das Províncias conversou com Pedro Pimenta, presidente da Cooperativa Agrícola de Coimbra, para entender mais sobre esta cultura que ocupa um lugar de destaque.
Com cerca de 6 000 hectares dedicados ao cultivo de milho, a região de Coimbra destaca-se na zona infra-estruturada de regadio do Vale Mondego, que abrange aproximadamente 12 000 hectares. Pedro Pimenta explica que, nesta fase do ano, estão a finalizar-se as sementeiras, embora com algum atraso devido às chuvas recentes.
Qualidade reconhecida
O milho do Mondego é reconhecido pela sua alta qualidade. Solos férteis, profundos e de aluvião, aliados à disponibilidade de água e temperaturas amenas, proporcionam condições ideais para uma produção de excelência. Pedro Pimenta destaca também a competência técnica dos agricultores locais, que contribui para produtividades por hectare significativas e com elevada qualidade.
Adaptação às mudanças climáticas
Diante das mudanças climáticas, o sector tem procurado adaptar-se. Isso inclui a selecção de variedades de milho mais adequadas à região, com ciclos mais curtos para garantir colheitas antes da chegada do Inverno, além do apoio aos agricultores na gestão eficiente da rega.
Os produtores enfrentam desafios, especialmente devido à imprevisibilidade dos mercados e à burocracia da Política Agrícola Comum (PAC). Pedro Pimenta sublinha a necessidade de mais coesão e previsibilidade nos apoios da PAC, para garantir a sustentabilidade e viabilidade económica dos agricultores: “A dificuldade principal é a imprevisibilidade dos mercados, que nos deixam sempre algo ansiosos aquando das sementeiras, porque não conseguimos ter certezas sobre as cotações do milho no final da colheita, investimos na instalação da cultura em Abril/Maio sem certezas de uma margem conseguida no final do ano que cubra os gastos da cultura. Existem outras dificuldades respeitantes à PAC, que nos últimos anos se tem tornado mais burocrática, imprevisível nos seus pagamentos, com condicionalismos que nos obrigam a práticas culturais que não fazem sentido na região”, conclui.
A Importância da Interprofissional
A criação de uma Interprofissional, envolvendo produtores, indústria transformadora e comercialização, é vista como uma oportunidade para fortalecer a cadeia produtiva do milho. Pedro Pimenta destaca a importância da união entre os elos da cadeia para o desenvolvimento sustentável do sector: “O Interprofissional é um desejo do sector da produção, que gostaria de ter junto de si a indústria transformadora e a comercialização, um estreitar de relações com estes três elos da cadeia seria sempre importante no desenvolvimento sustentado na cadeia dos cereais, não consigo perceber porque é que existem ainda reservas sobre este assunto do lado da indústria transformadora, a união sempre fez a diferença”.
Milho não geneticamente modificado
O milho plantado na região não é geneticamente modificado, o que possibilita a sua utilização tanto na indústria alimentar humana quanto na produção de ração animal, sem perdas significativas de produtividade.
Apesar dos desafios, as perspectivas para a safra são positivas. Pedro Pimenta destaca a resiliência dos agricultores, que continuam a investir na cultura do milho, mesmo sem garantias sobre preços e condições climáticas futuras.
Cooperativa Agrícola de Coimbra: investimentos estratégicos e suporte técnico
A Cooperativa Agrícola de Coimbra tem desempenhado um papel fundamental, investindo em infra-estruturas para secagem, armazenamento e expedição de milho, além de fornecer apoio técnico aos agricultores, visando sempre a melhoria da rentabilidade e eficiência do sector.
Em resumo, a cultura do milho na região de Coimbra não só é uma tradição, mas também uma fonte de sustento e desenvolvimento económico. Com desafios a enfrentar, os produtores contam com resiliência, inovação e apoio mútuo para garantir um futuro próspero para esta importante actividade agrícola.