Coimbra  12 de Dezembro de 2024 | Director: Lino Vinhal

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Casos de violência sobre idosos em meio urbano superiores a casos em meio rural

23 de Maio 2024 Jornal Campeão: Casos de violência sobre idosos em meio urbano superiores a casos em meio rural

A percentagem de denúncias de casos de violência sobre idosos é maior no meio urbano do que no rural, revelou hoje a Fundação Bissaya Barreto, de Coimbra, na sequência de um estudo efectuado.

Um retrato sobre o fenómeno da violência contra idosos foi apresentado pelo Serviço SOS Pessoa Idosa, da Fundação Bissaya Barreto, que analisou os cerca de 2.000 casos recebidos em 10 anos de existência.

Embora a maioria dos casos provenha do meio urbano (64%), a responsável pela Linha, Marta Ferreira, citada em nota divulgada pela Fundação, afirmou que foi sentido “um aumento das situações provenientes de meios rurais ao longo dos anos, chegando agora aos 21% nas aldeias e 15% em zonas como as vilas que se categorizaram como moderadamente urbanas”.

A responsável explicou que “nos meios com mais densidade populacional há tendência para haver mais situações e maior facilidade em denunciar, sendo que há mais pessoas jovens, com mais aptidão para aceder à informação e meios de denúncia”.

As vítimas são maioritariamente mulheres (63%), viúvas (58%), a residir sozinhas (38%) ou com familiares que não o cônjuge (30%), informou a Fundação.

Relativamente aos distritos, Lisboa teve o maior número de denúncias, com 27%, seguida de Setúbal (13%), Porto (12%) e Coimbra (10%).

Mais de metade da amostra é vítima de violência psicológica (55%), que surge, “frequentemente”, agregada a outras formas de maltrato.

Já a negligência, patente em 41% das situações, assenta, fundamentalmente, na omissão intencional de cuidados.

Porém, também foram recebidos casos de negligência resultante da falta de conhecimento ou de recursos por parte dos cuidadores.

“Dentro desta tipologia integra-se a autonegligência, a afectar 12% das pessoas idosas, que surge quando, por feitio ou doença mental, a pessoa recusa cuidar de si ou aceitar apoio, comprometendo a sua saúde, segurança e, em última instância, a sua sobrevivência”.

Marta Ferreira revelou que “aqui encontram sérias dificuldades na operacionalização da ajuda”, destacando que “as famílias já estão exaustas, os profissionais não conseguem actuar, o que conduz a um sucesso moroso e tardio na maior parte das intervenções que acompanham”.

A violência financeira foi exercida em 28% dos casos, seguida da violência física (20%) e abandono (11%).

Em 8% das situações houve violência institucional e “não foram salvaguardados os cuidados adequados aos utentes da resposta”, sendo que “este tipo de violência ocorreu, principalmente, em estruturas a carecer de licenciamento e, consequentemente, de fiscalização”.

Segundo a Fundação, cerca de 30% das pessoas passam dificuldades financeiras, não tendo rendimento suficiente para fazer face às despesas e para a supressão das necessidades.

“Cerca de 70% das vítimas está fisicamente dependente ou semi-dependente do cuidado de terceiros para a realização das actividades da vida diária, 24% apresentam indícios ou diagnóstico de demência e 22% padecem de doença mental”.

A Fundação esclareceu que os denunciados são maioritariamente filhos (as), 50%, entre os 50 e os 59 anos, em coabitação com a vítima (47%).

“Em 58% dos casos foi solicitado anonimato por parte das denunciantes, que são, sobretudo, mulheres (67%) da comunidade próxima (34%) ”, mas “muitos não denunciam por medo de retaliação”.

Criado em Maio de 2014, o Serviço SOS Pessoa Idosa da Fundação Bissaya Barreto “apela à denúncia através da Linha nacional e gratuita (800 102 100), ou por e-mail (sospessoaidosa@fbb.pt)”, e à articulação entre governo, instituições, comunidades e indivíduos, para um fortalecimento das redes de apoio.

 

, na sequência de um estudo efectuado.

Um retrato sobre o fenómeno da violência contra idosos foi apresentado pelo Serviço SOS Pessoa Idosa, da Fundação Bissaya Barreto, que analisou os cerca de 2.000 casos recebidos em 10 anos de existência.

Embora a maioria dos casos provenha do meio urbano (64%), a responsável pela Linha, Marta Ferreira, citada em nota divulgada pela Fundação, afirmou que foi sentido “um aumento das situações provenientes de meios rurais ao longo dos anos, chegando agora aos 21% nas aldeias e 15% em zonas como as vilas que se categorizaram como moderadamente urbanas”.

A responsável explicou que “nos meios com mais densidade populacional há tendência para haver mais situações e maior facilidade em denunciar, sendo que há mais pessoas jovens, com mais aptidão para aceder à informação e meios de denúncia”.

As vítimas são maioritariamente mulheres (63%), viúvas (58%), a residir sozinhas (38%) ou com familiares que não o cônjuge (30%), informou a Fundação.

Relativamente aos distritos, Lisboa teve o maior número de denúncias, com 27%, seguida de Setúbal (13%), Porto (12%) e Coimbra (10%).

Mais de metade da amostra é vítima de violência psicológica (55%), que surge, “frequentemente”, agregada a outras formas de maltrato.

Já a negligência, patente em 41% das situações, assenta, fundamentalmente, na omissão intencional de cuidados.

Porém, também foram recebidos casos de negligência resultante da falta de conhecimento ou de recursos por parte dos cuidadores.

“Dentro desta tipologia integra-se a autonegligência, a afectar 12% das pessoas idosas, que surge quando, por feitio ou doença mental, a pessoa recusa cuidar de si ou aceitar apoio, comprometendo a sua saúde, segurança e, em última instância, a sua sobrevivência”.

Marta Ferreira revelou que “aqui encontram sérias dificuldades na operacionalização da ajuda”, destacando que “as famílias já estão exaustas, os profissionais não conseguem actuar, o que conduz a um sucesso moroso e tardio na maior parte das intervenções que acompanham”.

A violência financeira foi exercida em 28% dos casos, seguida da violência física (20%) e abandono (11%).

Em 8% das situações houve violência institucional e “não foram salvaguardados os cuidados adequados aos utentes da resposta”, sendo que “este tipo de violência ocorreu, principalmente, em estruturas a carecer de licenciamento e, consequentemente, de fiscalização”.

Segundo a Fundação, cerca de 30% das pessoas passam dificuldades financeiras, não tendo rendimento suficiente para fazer face às despesas e para a supressão das necessidades.

“Cerca de 70% das vítimas está fisicamente dependente ou semi-dependente do cuidado de terceiros para a realização das actividades da vida diária, 24% apresentam indícios ou diagnóstico de demência e 22% padecem de doença mental”.

A Fundação esclareceu que os denunciados são maioritariamente filhos (as), 50%, entre os 50 e os 59 anos, em coabitação com a vítima (47%).

“Em 58% dos casos foi solicitado anonimato por parte das denunciantes, que são, sobretudo, mulheres (67%) da comunidade próxima (34%) ”, mas “muitos não denunciam por medo de retaliação”.

Criado em Maio de 2014, o Serviço SOS Pessoa Idosa da Fundação Bissaya Barreto “apela à denúncia através da Linha nacional e gratuita (800 102 100), ou por e-mail (sospessoaidosa@fbb.pt)”, e à articulação entre governo, instituições, comunidades e indivíduos, para um fortalecimento das redes de apoio.