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Entrevista: Artur Fresco faz balanço de 8 meses de mandato no Município de Mira

19 de Maio 2024 Jornal Campeão: Entrevista: Artur Fresco faz balanço de 8 meses de mandato no Município de Mira

Artur Jorge Ribeiro Fresco, natural de Mira, nasceu em 18 de Novembro de 1965. Cresceu e envolveu-se no seio da comunidade, no Grupo de Jovens, no Clube Domus Nostra, no Ala-Arriba… Contudo, foi na música que encontrou a sua verdadeira paixão. Formou-se em Educação Musical na Escola Superior de Educação de Coimbra e deixou a sua marca como professor em diversos Agrupamentos de Escolas na região Centro.

Iniciou a sua carreira política em 2013, ao ser eleito presidente da Junta de Freguesia de Mira, cargo que ocupou também após a reeleição em 2017. Além disso, foi membro activo dos órgãos sociais da ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias, no período de 2018 a 2022.

Nas Eleições Autárquicas de 26 de Setembro de 2021, foi eleito vereador e vice-presidente da Câmara Municipal de Mira. Em 2023, assumiu a presidência da autarquia, sucedendo a Raúl Almeida, após este ser eleito presidente do Turismo Centro de Portugal em Julho do mesmo ano.

 

Campeão das Províncias [CP]: Como é entrar como vereador e ficar presidente da Câmara?

Artur Fresco [AF]: Nas últimas eleições, fui convidado para fazer parte do executivo municipal. Foi o Dr. Raul Almeida, na altura presidente, quem me convidou, a quem desde já saúdo. Ele não só me convidou para integrar o executivo, mas também para ser vice-presidente. Ao assumir essas funções, substituímos o presidente nas suas ausências e impedimentos. O que aconteceu foi inesperado. O convite para a Turismo Centro Portugal não estava no programa e aconteceu sensivelmente a meio do mandato. Esta troca não estava prevista, sabemos que isso pode acontecer, nem sempre os motivos são os melhores, mas neste caso foram, por isso, aqui estamos.

 

[CP]: Sentiu-se confortável com a saída do presidente, Raul Almeida, para a Turismo do Centro?

[AF]: O espírito que existia e que eu quis manter no nosso executivo, era de total transparência. Raul Almeida colocava sempre em discussão todos os assuntos, todas as decisões, ou seja, a palavra final, claro, tinha que ser uma só, mas a discussão era de todos. Portanto, todos estávamos a par dos assuntos, independentemente da nossa área de actuação. Eu, como vice-presidente, ajudava ou já tomava decisões em situações mais concretas, digamos assim. Por isso, não foi uma surpresa ocupar o cargo. A diferença está no peso da responsabilidade, da nossa assinatura ao tomar decisões e assumir compromissos.

 

[CP]: Não tem saudades do tempo em que foi presidente da Junta de Freguesia de Mira?

[AF]: Tenho tido diferentes responsabilidades e funções ao longo do tempo, mas uma vez presidente de Junta, para sempre presidente de Junta, como se costuma dizer. Esta ideia era comum nas reuniões da ANAFRE e é verdadeira. Os presidentes de junta são os representantes mais próximos das populações nas autarquias locais. Todos sabem onde vivemos, todos sabem quem somos. Metade da população conhece-nos e nós passamos a conhecer a outra metade que desconhecíamos. Portanto, quando exercemos o cargo de presidente de Junta, seja por um mandato ou mais, acabamos por conhecer cada recanto, cada rua, cada beco, cada caminho, cada fonte e cada pessoa. Esta proximidade cria laços afectivos difíceis de desaparecer.

Recordo com muito gosto esses momentos até hoje. Tenho muito orgulho em ter sido presidente de Junta. Foi isso que me deu algum destaque e notoriedade, levando-me a ser chamado para integrar o executivo municipal. Além disso, presidir à Junta de Freguesia de Mira, é de grande importância, dada a dimensão do território que representa, quase 60% do concelho, com 18 aldeias.

Há muitos municípios que têm menor dimensão que a nossa freguesia. São muitas pessoas e muitos locais para cuidar. Sou o mesmo Artur Fresco de sempre, apenas com outras funções.

 

[CP]: Como tem sido o relacionamento com a oposição socialista?

[AF]: A Câmara Municipal tem duas reuniões ordinárias mensais e algumas extraordinárias quando necessário. Temos mantido sempre um relacionamento muito cordial, eu diria até bastante positivo e colaborativo, especialmente quando a oposição está a desempenhar o seu papel. Eles fazem-no com grande frontalidade. O nosso relacionamento em todas as reuniões e fora delas tem sido muito bom. Portanto, temos várias oportunidades de nos encontrarmos com os senhores vereadores do Partido Socialista em eventos que não estejam relacionados com o trabalho, até porque já conhecíamos estas pessoas antes de entrarmos nesta posição. São amigos de longa data. Em democracia, temos que saber viver e conviver com oposição.

 

[CP]: Mira tem a Praia há mais tempo com Bandeira Azul em Portugal.

[AF]: Acabamos de saber, há relativamente pouco tempo, cerca de duas semanas atrás, que pela 38.ª vez consecutiva, a Praia de Mira recebeu o galardão da Bandeira Azul. A Praia do Poço da Cruz também foi reconhecida com a Bandeira Azul pelo 18.º ano consecutivo. Ser a única praia no mundo com este galardão, desde sempre, é algo de que nos orgulhamos, mas também impõe um padrão elevado do que é necessário fazer para mantê-lo.

Assim que termina uma época balnear, começamos imediatamente a preparar a próxima. É assim que deve ser feito. A colaboração de todos é fundamental para que isso aconteça. Quando digo todos, refiro-me ao executivo municipal, às juntas de freguesia, aos cidadãos e aos turistas. Todos nós temos que colaborar em conjunto para manter este galardão, pois o desempenho individual de cada um resulta num esforço colectivo que nos dá garantias para cumprir os critérios. Esses critérios são rigorosos, o que explica por que algumas praias não conseguem mantê-lo todos os anos. Desde análises da água e da areia até às estruturas de apoio e acessibilidade, uma série de critérios são avaliados. A fiscalização do cumprimento desses critérios é constante, o que é uma preocupação, mas uma preocupação positiva, porque quando conseguimos atingir os objectivos, é realmente gratificante.

Também recebemos recentemente a notícia de que a praia foi agraciada com o galardão de Qualidade Ouro, Praia Acessível e o prémio 5 Estrelas.

 

 

[CP]: Que projectos estão em curso em Mira, para além do Centro de Recolha Animal?

[AF]: O Centro de Recolha Oficial de Animais tem vindo a ser divulgado há algum tempo relativamente à sua abertura. Está finalizado, está completo e inclusivamente os animais já estão lá alojados. Entendíamos que as instalações anteriores onde se encontravam não ofereciam as melhores condições. Por isso, em parceria com a Associação Abrigo de Carinho, uma associação composta por voluntários que fazem um excelente trabalho nesta área, decidimos realojar os animais nestas novas instalações. Infelizmente, chegámos a um ponto em que as instalações estão lotadas e, se este padrão continuar, não teremos capacidade para albergar mais animais a curto prazo. Por isso, faço aqui um apelo à sensibilização das pessoas para que façam escolhas responsáveis. Se já possuem animais, devem ter uma atitude responsável e mantê-los, pois são nossos amigos, e abandoná-los não é a melhor solução. Se não têm, porque não adotar um animal de companhia? Estamos a planear inaugurar o centro ainda durante o mês de Maio, após a realização de alguns trabalhos de limpeza e manutenção na envolvente. Também o Centro de Saúde de Mira e todas as extensões de saúde do concelho, vão sofrer obras de reabilitação. O projeto do Centro de Saúde já está candidatado e adjudicado. Entendemos que a saúde é uma área fundamental para o bem-estar das pessoas e, por isso, é necessário intervir. O Centro de Saúde de Mira, que tem mais de 30 anos, nunca recebeu obras de manutenção. Por isso, vamos investir um milhão e meio de euros na recuperação dos edifícios e equipamentos. A Escola Secundária está em requalificação, numa remodelação completa, quase a terminar; ainda na área da Educação, pretendemos requalificar também a Escola Básica de Mira. Estão também a decorrer obras de ampliação do cemitério municipal.

 

[CP]: O que gostaria de concretizar ainda neste mandato?

[AF]:. Pretendemos concluir a expansão das áreas industriais como forma de atrair investimento, e desejamos realizar essa expansão para sul, criando as condições para que a zona industrial do Montalvo se conecte à A17. Felizmente foi aprovada, pela Agência Portuguesa do Ambiente, uma praia fluvial na barrinha da Praia de Mira, que estará a funcionar no próximo ano, portanto, já começámos a fazer os preparativos, a relvar, arborizar e a modernizar aquela zona. Pretendemos que seja uma das melhores praias, também porque existem poucos municípios que se podem gabar de ter, em tão curto espaço, água salgada e doce daquela qualidade. É uma óptima notícia e queremos que seja uma das melhores praias fluviais, com uma concessão, um bar de apoio, vigilância e que lhe seja atribuída uma bandeira azul. Este é um objectivo que ansiamos concretizar até ao final do mandato, embora estejamos a um ano e meio de eleições, ainda é concretizável e vamos apostar fortemente nesta parte. Temos pensadas outras obras ao nível de reestruturação da nossa rede viária, passeios e pistas ciclo pedonais e queremos alargar a nossa ciclovia ao unir todas as povoações do Concelho.

[CP]: Entrou como presidente nesta segunda metade do mandato, agora é para continuar?

[AF]: Não descarto essa possibilidade. Se eu entender que não reuni as condições necessárias, se a Comissão Política, na discussão que houver, chegar à conclusão de que não realizei um bom trabalho e que não sou o melhor candidato, serei o primeiro a dizer não e nessa altura apoiarei a pessoa que entendermos que melhor representará o nosso partido para concorrer às eleições autárquicas. Neste momento, não consigo afirmar se serei ou não candidato.

Entrevista: Luís Santos/ Joana Alvim

Publicada na edição do “Campeão” em papel de quinta-feira, dia 16 de Maio de 2024