José Francisco Tavares Rolo, 56 anos, de Lagares da Beira, é o rosto do compromisso e dedicação à causa pública em Oliveira do Hospital, onde preside à Câmara Municipal e emerge como um líder comprometido com o progresso da cidade e do concelho, prometendo continuar a dedicar-se incansavelmente ao bem-estar e desenvolvimento da sua comunidade.
Campeão das Províncias [CP]: Está no seu primeiro mandato?
Francisco Rolo [FR]: Como presidente da Câmara. Durante o período de 2009 a 2021, desempenhei o cargo de vice-presidente, cumprindo três mandatos como vereador, sob a liderança do professor José Carlos Alexandrino, que ainda é um excelente autarca, muito interessado não só na vida do concelho de Oliveira do Hospital, mas também na defesa do interior de Portugal, especialmente da região Centro. Quando se fala tanto em coesão e mobilização, ele sabe como isso se aplica às diversas facetas da região de Coimbra, especialmente às mais interiores.
[CP]: Por falar em coesão, a Comunidade Intermunicipal tem feito o seu papel?
[FR]: Se a região é uma família, então os concelhos são como uma espécie de irmãos, e é imperativo tratá-los com igualdade. Este princípio fundamental é evidenciado no esforço colectivo dos autarcas para criar uma comunidade coesa e unida. Esta Comunidade Intermunicipal, que abrange vários municípios na região de Coimbra, exemplifica a união e a convergência de esforços em prol do desenvolvimento regional. É significativo que até o Eurostat, o Organismo Europeu de Estatística, reconheça Coimbra e os seus indicadores como uma região metropolitana em potencial. Não é que Coimbra esteja a assumir-se como uma área metropolitana neste momento, mas tem todas as condições para isso.
[CP]: Em termos de acessibilidades, Oliveira do Hospital está mal servida?
[FR]: A região entre Tábua, Oliveira do Hospital, Seia e Gouveia até à ligação à A25 tem, de facto, uma zona cinzenta há 30 anos. Já se construíram itinerários complementares, duplicaram-se auto-estradas principais, mas esta região continua com a velha Estrada Nacional 17, que outrora era a estrada real. Mas este é um trabalho em curso, numa perspectiva de diálogo e cooperação com a administração central, neste caso, o Ministério das Infraestruturas. O projecto de execução do IC 6, entre o nó de Tábua, Oliveira do Hospital e Folhadosa, no concelho de Seia, já foi adjudicado a uma empresa, que tem 300 dias para executá-lo.
Queremos que este projecto seja concluído rapidamente e que o concurso público internacional avance, até porque as verbas para a sua execução, provenientes do leilão do 5 G, já estão afectadas à conclusão do IC 6, uma obra fundamental para o desenvolvimento da nossa região.
[CP]: Oliveira do Hospital tem investido bastante na Festa do Queijo da Serra da Estrela.
[FR]: A Festa do Queijo Serra da Estrela, em Março, é a maior de Portugal, com produtores certificados e prestígio crescente na ovinicultura. Assim como a vitivinicultura, o nosso objectivo é elevar a distinção dos produtores de queijo, gerando valor de mercado e atractividade para que os jovens apareçam no sector. Este evento é reconhecido pela sua dimensão e pelo número de produtores certificados, o que gera um impacto muito significativo, em termos económicos e mediáticos. Na Feira, alguns produtores esgotam completamente a sua produção, evidenciando a importância do evento. Quanto ao futuro da Feira, pretende-se continuar a promover o dinamismo económico, seja através de eventos musicais, exposições ou iniciativas gastronómicas.
Para além da Festa do Queijo, temos, na última semana de Julho, a ExpOH. Estamos a falar de atrair pessoas e criar dinamismo na economia. Por um lado, investimos na dinamização através da música e exposições, reunindo as pessoas e gerando economia, seja através de um fim-de-semana dedicado à degustação do borrego, seja durante a semana da gastronomia.
[CP]: O sector industrial como está?
[FR]: É importante reconhecer a herança industrial de Oliveira do Hospital, que enfrenta desafios devido à globalização. Apesar das dificuldades, o Município está empenhado em encontrar soluções para a insolvência da empresa Irsil, protegendo os trabalhadores e procurando potenciais investidores. Para estimular o desenvolvimento económico, recentemente concluíram-se 27 novos lotes na zona industrial, oferecendo oportunidades de investimento e evidenciando a confiança na procura por parte dos empresários. Por outro lado, vamos iniciar uma comunidade de energia renovável, um parque fotovoltaico, mais produção e distribuição de hidrogénio. Temos uma comunidade de energia renovável aprovada no âmbito do PRR para executar, com um concurso público internacional preparado para lançar e permitir que as empresas da zona industrial tenham energia a custos mais baixos. Com uma proximidade de 10 minutos à linha da Beira Alta, vamos também investir numa nova área empresarial – o pólo industrial da Cordinha – para dar capacidade de acolhimento a mais empresas e aproveitar uma marca distintiva de Oliveira do Hospital, a capacidade empreendedora dos cidadãos.
[CP]: A Câmara também tem feito um grande investimento na habitação?
[FR]: A habitação é outro dos fortes investimentos, assente em três pilares essenciais. O alojamento no âmbito da Bolsa Nacional de Alojamento Urgente e Temporário destina-se essencialmente a famílias de baixos recursos e em situações de pressão habitacional, com um investimento de um milhão de euros. Os investimentos ficarão concluídos até Setembro. Além disso, temos 25 fogos que vamos candidatar no âmbito do PRR. O terceiro pilar é a reabilitação de seis escolas primárias e outros edifícios municipais para habitação, mantendo a sua traça e valorizando o património. Por último, temos 8,3 milhões de euros para investir em habitação a custos acessíveis no parque público de habitação, com a expectativa de aumentar o número de fogos disponíveis a custos acessíveis no concelho de Oliveira do Hospital.
[CP]: Na educação, Oliveira do Hospital também está a mexer.
[FR]: No âmbito de um protocolo de cooperação com o Instituto Politécnico de Coimbra, o Município realizou o projecto de arquitectura para a nova Escola Superior de Tecnologia e Gestão. A candidatura para a primeira fase da construção, projectada para mil alunos, já foi formalizada. A criação de uma nova Escola e de uma residência para estudantes representam avanços significativos e estas iniciativas visam fortalecer o ensino superior na área, proporcionando uma melhor formação e aumentando a empregabilidade dos estudantes locais.
Além dos avanços na educação, o Município está a investir noutras infra-estruturas. Um novo e moderno Centro Escolar, que abrirá este ano lectivo, e um moderno Centro de Saúde, já em fase de concurso público, representam um investimento muito significativo na promoção da qualidade de vida da população.
[CP]: Para além desses investimentos, a Câmara está também a apostar no apoio ao cidadão?
[FR]: Já temos a funcionar no rés-do-chão da Câmara Municipal um espaço cidadão, que tem sido um sucesso. Isto faz parte da estratégia de transição digital que o país está a viver. Os cidadãos, através de um computador, têm acesso a uma vasta gama de serviços, desde a renovação da Carta de Condução até à articulação com a Segurança Social, o IEFP e os serviços do Ministério da Justiça, entre outros. O sucesso mede-se pelos números. No espaço de sensivelmente um ano, são mais de 2.000 utentes que já utilizaram o Espaço Cidadão, criado em parceria entre o município e a Agência de Modernização Administrativa. Mas temos mais 15 espaços de cidadão para levar às freguesias. Cada uma vai ter um espaço, à excepção da União de Freguesias de Oliveira do Hospital e São Paio de Gramaços, que já possui. Em cada espaço cidadão estará um mediador/coordenador, alguém que recebeu formação e que gere os serviços digitais, sendo o rosto humano que apoia o utente e interpreta as suas necessidades.
[CP]: Oliveira do Hospital pode continuar a contar consigo e com o seu entusiasmo?
[FR]: Oliveira do Hospital tem 20.000 cidadãos a residir. O agrupamento de escolas tem 25 nacionalidades diferentes. É certo que é um desafio para aquela comunidade educativa, mas também demonstra bem a capacidade de acolhimento de novos residentes que tem Oliveira do Hospital. Portanto, quando fala em entusiasmo, é o entusiasmo de fazermos para criarmos bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento.
Permita-me, também, que lhe diga que a vida tem sorrido também desportivamente em Oliveira do Hospital. O Futebol Clube ficou na Liga 3, o que é positivo e nos impõe também fazer investimentos nesta área, nomeadamente nas infra-estruturas desportivas. No basquetebol, mantivemo-nos na Proliga. Acho que o hóquei em patins vai ser campeão nacional e vamos subir à segunda divisão. Isto são sinais de que, de facto, há algo de forte e dinâmico a acontecer em Oliveira do Hospital, e isso deve-se não a mim, enquanto presidente da Câmara, mas a uma comunidade, a uma cidadania viva, que gosta de fazer e que ama a sua terra.
Entrevista: Lino Vinhal/ Joana Alvim
Publicada na edição do “Campeão” em papel de quinta-feira, dia 9 de Maio de 2024