Estes últimos tempos têm sido vividos com muita intensidade e numa velocidade estonteante. Pessoalmente e profissionalmente. Entre deslocações de trabalho, de lazer e sociais, a perspectiva de acumular vivências e conhecer mundo foca-me numa vertigem de conhecimento e experiência, tornando-me numa pessoa e profissional mais atento e preocupado com os outros. E com as empresas, para as quais dirijo muita da minha energia diária, na busca constante de oportunidades de negócio, nos 4 cantos do mundo. Genuinamente, a possibilidade mínima de uma empresa se poder instalar neste território ou uma das nossas empresas poder efetuar negócios noutras latitudes, tornou-se uma ideia diariamente alimentada por mim e por todos os que comigo trabalham. Nunca será por nós que deixarão de existir oportunidades de desenvolvimento económico em Coimbra e na região. Isso é seguro!
Caso da Bio4Plas
A passada semana terminou com uma cerimónia de uma nova linha de produção da empresa Bio4Plas, em Cantanhede. Os meus olhos brilharam ao ler e ouvir algumas histórias associadas a esta empresa que nasceu em 2020. Sem querer tirar nenhuma vantagem ou criar um sentimento despropositado, lembro-me muito bem, que na altura, enquanto Director do Departamento de Desenvolvimento Económico e Social, recebi no meu gabinete, 3 pessoas que esperavam uma quarta pessoa que estava ligeiramente atrasada. Eram as 4 pessoas que davam uma parte do nome da empresa. Na altura, ouvi com atenção a ajuda que pretendiam da CM de Cantanhede e perante um homem que sabia de polímeros como ninguém (de Águeda), outro que tinha um armazém que há poucos dias me tinha pedido para lhe arranjar um comprador e outros 2 homens, muito conhecidos no mundo empresarial, com excelentes ligações ao mundo dos negócios e que por obra do acaso eram meus conterrâneos (de Viseu), empreendedores e sempre disponíveis para implementar uma boa oportunidade. Questionaram-me a minha opinião sobre a ideia de negócio de “misturar” os polímeros com matéria orgânica e produzirem uma plêiade de materiais que seriam biodegradáveis e poderiam catapultar Cantanhede para o topo dos municípios seriamente preocupados com a economia circular. Claro que apoiei e incentivei, efectuando apenas a minha função de gerar mecanismos que tornassem viável a empresa que me estava a ser proposta. Teria um contributo desprezível de apresentar esta empresa ao ecossistema produtor de matéria-prima, de que eles necessitavam para ter sucesso. Foram tempos de grande agitação e de crescimento exponencial, de verdadeira loucura, na procura de outros espaços para armazenar todos os componentes de produção. Da possível venda do armazém, passámos à procura de outras unidades para acomodar produtos. Hoje quando leio, vejo e ouço o que aconteceu na empresa, ninguém me levará a mal, se eu sentir uma pontinha de orgulho por tudo o que está a acontecer. Muitas vezes, apenas não arranjar problemas já é um enorme contributo. Neste caso, foi um pouco mais. Valeu a pena e espero que a Bio4Plas continue a ter muito sucesso e ajude a resolver muitas questões ambientais.
Caso do Sporting Clube de Portugal
Por falar em orgulho. Espero que esta crónica seja entendida que foi escrita por uma pessoa que foi desportista durante umas dezenas de anos, com um percurso futebolístico que não envergonha ninguém e que tem a capacidade de distinguir o que é bem ou mal feito, na perspectiva de desenvolvimento.
Vem a propósito do facto de o Sporting Clube de Portugal ter sido campeão nacional de futebol, durante o passado final de semana. Não pelo título, que pode ser sempre discutido por todos e até colocado num patamar sem a importância desportiva real, mas interessa-me sobretudo destacar o belo exemplo da administração do clube, que após uma época em que os resultados foram completamente fora da expectativa, mantiveram a confiança no treinador, deram-lhe as condições que ele reclamava e os resultados estão à vista. Mesmo perante os adversários, o Sporting é um justo campeão. Nem sempre assim acontece. Em muitas circunstâncias, o desejo de sucesso imediato substitui a probabilidade de sucesso assente em talento, muito trabalho e perseverança no foco e no objectivo. O treinador do Sporting já tinha tido sucesso noutros clubes e no próprio. Porque é que que não haveria de ter neste ano? Garantindo condições básicas e uma atitude de confiança, assente numa excelente capacidade de comunicação, o sucesso era muito provável e aconteceu. É uma bela lição para todos os decisores deste país. Sejam políticos ou técnicos! Em desenvolvimento económico, algumas conquistas exigem o que a administração do Sporting foi capaz de garantir ao seu treinador. E não estou a falar de dinheiro, mas sim de confiança, compromisso, resiliência e acreditar!
(*)Doutorando e investigador