A família de Otelo Saraiva de Carvalho doou o arquivo do estratego do 25 de Abril à Biblioteca Ephemera. De acordo com o fundador do maior arquivo privado em Portugal, José Pacheco Pereira, em causa estão “documentos fundamentais porque têm imensos manuscritos”, como “notas de reuniões, correspondência” não só de Otelo, mas também de outras pessoas.
O espólio abrange o período inicial de 1974. Até ao momento, a Ephemera já recebeu dossiês e duas estantes, que são apenas “uma pequena parte” da documentação, onde constam milhares de cartas que foram enviadas a Otelo. “São cartas muito diferentes, vão desde cartas de saudações, de parabéns, cunhas, a ameaças, insultos, informações e denúncias”, afirma José Pacheco Pereira.
A estas juntam-se ainda “manuscritos, fotografias, panfletos e brochuras, livros políticos, documentos oficiais de natureza militar e política (muitos deles secretos à altura), ofertas e objectos pessoais”. O responsável considera este arquivo “de uma importância enorme”, já que vai ajudar a compreender “o ambiente de 1974/75”. Além disso, desvenda memórias que “cobrem toda a carreira política e militar de Otelo, desde a sua acção como oficial nos teatros da guerra colonial, a revolução de 25 de Abril e o ‘ano de brasa’ de 1975, o COPCON, as candidaturas presidenciais, os GDUPs, a FUP, a OUT, suas prisões e processos”.
Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho nasceu em 1936, em Lourenço Marques, Moçambique, e morreu a 25 de Julho de 2021, em Lisboa.
Cátia Barbosa
(Jornalista do “Campeão” no Porto)