Coimbra  17 de Abril de 2025 | Director: Lino Vinhal

Semanário no Papel - Diário Online

 

Valter Amorim

Liberdade com Direitos

2 de Maio 2024

Na última semana tivemos duas celebrações de enorme impacto e relevância para o país. O dia 25 de Abril e o dia 1 de Maio são dois marcos estruturantes da nossa sociedade e, consequentemente, devem ser valorizados, respeitados e celebrados.

Efectivamente, há 50 anos encerrámos um período negativo da nossa história, iniciando uma era de liberdade, democracia e crescimento.

De facto, tudo mudou nesse dia único e irrepetível. As pessoas passaram a ter liberdade de pensamento, de expressão, de manifestação, de exigirem os seus direitos em conformidade com a nossa Constituição e os direitos fundamentais aí consagrados.

Por sua vez, o dia do Trabalhador evoca a necessidade de valorizar e dignificar aquele que trabalha, respeitando-o enquanto pessoa com dignidade humana, bem como enquanto prestador de trabalho.

Ora, aqui chegados urge reforçar estas efemérides e o seu valor para Portugal e para a nossa comunidade.

As novas gerações perderam o foco e a visão da importância destes dois dias, desvalorizando o significado dos mesmos para a sua vida. Existe um desvirtuamento do percurso histórico e do custo para o mesmo destas duas datas tão impactantes.

Enquanto concidadãos tudo temos que fazer para vincar as conquistas alcançadas, evitando retrocessos, sendo que cada um de nós tudo deve fazer para ser exemplo e assertivamente defender os ganhos alcançados. Não o fazer é pôr em questão os mesmos, promovendo riscos de, no futuro, podermos perder o que temos, pondo em questão as gerações vindouras.

O país não se pode permitir a tal retrocesso. Os que lutaram pelo que temos não compreenderiam tal desleixo. Nestes termos, todos somos chamados a defender todos os dias a liberdade e a democracia, os direitos fundamentais e uma existência digna.

Os profissionais de saúde não podem fazer diferente. São também esses chamados a ser exigentes, resilientes e proactivos na defesa desses valores do 25 de Abril e do dia 1 de Maio.

A visão, muitas vezes instituída nas nossas organizações, de que temos que fazer muito para além do que nos é exigível, sonegando vida pessoal, social e familiar, ultrapassa desmesuradamente o contributo que temos que dar ao país.

Se nada fizermos, vamos permitir a ideia de que os direitos, enquanto trabalhadores e enquanto pessoas com liberdade e autonomia, são só um devaneio.

Que ninguém prescinda de viver em liberdade e com direitos!

(*) Presidente do Conselho Directivo da Secção Regional Centro da Ordem dos Enfermeiros