Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) está a desenvolver uma ferramenta que visa melhorar o rastreio da Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA) nos adultos. Esta deverá ser disponibilizada “em breve”.
Segundo a professora da FMUP, Sofia Baptista, “actualmente, não existe nenhuma escala de PHDA validada para a população portuguesa que esteja de acordo com os actuais critérios de diagnóstico e permita a sua utilização para rastreio em contexto comunitário”. Nesse sentido, “esta ferramenta poderá ser particularmente útil no contexto de cuidados de saúde primários, contribuindo para melhorar a prestação de cuidados”, explica. Para isso, a iniciativa deverá “validar a utilização de uma escala curta e de fácil preenchimento (cerca de cinco minutos) capaz de detectar a maioria das situações de PHDA na população em geral”, indica ainda a responsável.
Por norma, esta patologia faz-se notar na infância, sendo “um distúrbio do neurodesenvolvimento que pode persistir na idade adulta, associando-se a outros problemas de saúde mental e dificuldades laborais”. Assim, nos adultos, a sua detecção pode ser um desafio. “Muitas vezes, a PHDA não é diagnosticada nem tratada, embora exista tratamento eficaz. Muitos pacientes não recebem tratamento e acompanhamento adequados e, por consequência, não atingem o seu potencial completo”, revela a professora. Não sendo diagnosticada nem tratada, a perturbação pode ter um impacto “significativo na vida adulta, em termos pessoais, sociais e profissionais”, acrescenta. Estima-se que três em cada 100 adultos têm PHDA. A patologia assume sintomas como a dificuldade de atenção e/ou em ficar quieto, bem como a impulsividade.
Além de Sofia Baptista, a equipa de investigadores do projecto da FMUP é composta por: Rafaela Silva, estudante da instituição, Andreia Teixeira e Paulo Santos, da FMUP e CINTESIS@RISE, e Gustavo Jesus, director do serviço de Psiquiatria do Hospital de Vila Franca de Xira.