Tem tido uma certa piada ler, nos últimos dias, alguns ataques à Câmara Municipal de Coimbra, a propósito da renovação, ou não, do contrato de cedência do Estádio Cidade de Coimbra à Académica/OAF.
O acordo expira no próximo mês de Julho e já muitos vieram a terreiro afirmar que os responsáveis autárquicos estão a “cozer em lume branco” o clube mais representativo e titulado da cidade.
Vamos a factos:
- Ao longo de 20 anos, a Académica/OAF geriu a infraestrutura, recebendo (e muitas vezes antecipando) receitas dos espaços comerciais envolventes.
- Ao longo de 20 anos, a Académica/OAF ficou responsável pela manutenção do Estádio. Mas só responsável, porque nos últimos anos saltou à vista de todos a degradação dos diversos espaços, sinal evidente de que haveria outras prioridades de tesouraria.
- Ao longo de 20 anos, a Câmara Municipal sentiu inúmeras dificuldades em realizar eventos no Estádio, por força de um contrato leonino que a deixava à mercê dos humores dos dirigentes da Académica/OAF.
Posto isto:
- É natural (e conveniente) que a Câmara Municipal tenha especial cuidado no processo de cedência do Estádio Cidade de Coimbra, cuja construção ainda hoje leva uns bons milhares de euros mensais dos cofres da autarquia.
- É natural que a Câmara Municipal tenha em conta a frágil condição financeira da Académica/OAF e não opte por uma negociação mais musculada.
- É natural, pela conjuntura atual, que a decisão final não seja tomada num par de horas e sem um consistente suporte jurídico.
- Não foi, seguramente, por culpa da Câmara Municipal que a Académica/OAF chegou ao estado que todos conhecemos.
- Os que agora centram as culpas no Executivo Municipal por não avançar de imediato com a renovação do contrato de cedência são os mesmos que vêm a terreiro reclamar aos responsáveis políticos uma eficiente gestão dos dinheiros públicos.
- Quando se mete futebol ao barulho, a paixão sobrepõe-se sempre à razão.