Numa altura em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril foi anunciado que vai ser realizado um congresso internacional com vista a debater a “prática musical” e a “intervenção cívica” do músico Zeca Afonso. A informação é avançada pela Associação José Afonso que espera que esta “seja uma oportunidade, até hoje inédita, de amplo cruzamento de vários saberes sobre o percurso de José Afonso”. O evento está marcado para 26 e 27 de Outubro, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, localidade onde se encontram sepultados os restos mortais do cantor.
O programa ainda não foi anunciado, porém, são garantidas conferências, exposições, comunicações, concertos e “sessões testemunhais”. É ainda esperada a presença de colaboradores e amigos do cantor. Para além de discutir o percurso do artista, a instituição pretende “estimular a localização e recolha de documentação e material fonográfico relacionado com José Afonso para posterior preservação”. Um dos temas a abordar no congresso é a intervenção política de José Afonso antes e depois do 25 de Abril, mas não só. Haverá espaço para reflectir sobre “o impacto dos anos de Moçambique”, “os aparelhos repressivos”, as “influências culturais e filosóficas” e “a mulher na obra de José Afonso”.
A comissão organizadora do congresso internacional é constituída por responsáveis da Associação José Afonso, do Instituto de História Contemporânea, da Câmara Municipal de Setúbal e do Instituto de Etnomusicologia. José Afonso nasceu em 1929, em Aveiro, e faleceu em 1987, em Setúbal, vítima de esclerose lateral amiotrófica. A sua obra tem estado a ser reeditada, processo que se deverá prolongar pelos próximos dois anos. Até ao momento, foram reeditados o disco de estreia na editora Orfeu, “Cantares do Andarilho” (1968), “Cantigas do Maio” (1971), “Venham Mais Cinco” (1973) e “Com as Minhas Tamanquinhas” (1976).
Cátia Barbosa (Jornalista do “Campeão” no Porto)