O Tribunal de Coimbra vai começar a julgar na terça-feira um empresário de 57 anos acusado de tentar matar quatro pessoas, entre as quais a então sua mulher, em 1 de Maio de 2023, em Cernache.
O empresário é acusado de ter disparado contra dois homens e duas mulheres junto à empresa de que era sócio-gerente, num ato para o qual a acusação do Ministério Público (MP) não aponta uma motivação.
Segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso, os alegados crimes ocorreram no final da tarde de 1 de Maio de 2023, depois de uma reunião que a então mulher do arguido teve nas instalações da empresa, com outros três associados (dois homens e uma mulher) de uma entidade que promovia e organizava caminhadas em Coimbra.
No fim da reunião, o arguido terá surgido nas instalações, depois de ter estado num convívio “com os seus companheiros de caça”, que abandonou de forma repentina, dirigindo-se “a grande velocidade” para a sede da empresa “por motivos que se desconhecem”, explicitou o Ministério Público.
Chegado à empresa, o arguido foi apresentado aos presentes pela mulher, mas acabou por abandonar as instalações. Sem que nada o fizesse prever, o arguido terá regressado ao local quando os presentes se preparavam para sair nos seus carros.
Segundo o MP, o empresário de 57 anos, munido de uma caçadeira semiautomática, dirigiu-se primeiro ao veículo conduzido por um homem que estava a fazer marcha-atrás e, alegadamente, efectuou dois disparos na direcção da vítima, acertando-lhe no braço esquerdo e de raspão no peito.
De seguida, dirigiu-se a outra viatura, onde estava um casal, e terá disparado uma vez na direcção dos mesmos, atingindo a face do homem.
Por fim, o arguido foi no encalce da sua então mulher, também dentro de um veículo, e terá efectuado dois disparos, atingindo a vítima na zona da orelha.
De acordo com a acusação, a vítima terá conseguido sair da viatura e fugir, mas terá sido alcançada pelo arguido, que, já sem balas, terá desferido duas fortes pancadas com a espingarda na cabeça da mulher, que caiu inanimada no chão.
O arguido ter-se-á posto em fuga e, já na sua residência, tentou matar-se, com recurso a uma arma de fogo.
Segundo o Ministério Público, foi encontrada na residência do arguido uma mensagem escrita pelo arguido a pedir perdão aos filhos e a apelidar a “esposa de vigarista”.
O empresário encontra-se preso preventivamente na prisão de Aveiro, sendo acusado, para além dos quatro crimes de tentativa de homicídio, de um crime de detenção de arma proibida.
O julgamento começa na terça-feira, por volta das 10h30.